Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões de 09 a 13.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
O tom predominante no soneto é de
a) |
ingenuidade. |
b) |
apatia. |
c) |
ira. |
d) |
ironia. |
e) |
perplexidade. |
a) Incorreta. Embora o eu lírico fique perplexo com as transformações sofridas pela natureza, ele também demonstra certa perspicácia ao atribuir esse cenário ao progresso da sociedade, ou seja, à atividade mineradora da época. Logo, não é possível sustentar que haja ingenuidade.
b) Incorreta. Ao contrário de apatia, o poeta exprime descontentamento com o cenário encontrado.
c) Incorreta. Ao deparar-se com uma natureza destruída, o eu lírico desabafa: “E em contemplá-lo [o sítio], tímido, esmoreço”. Logo, o poeta sente-se enfraquecido, sem ânimo e não revoltado ou com ira.
d) Incorreta. Não há trechos irônicos no poema.
e) Correta. No soneto “VII”, o eu lírico demonstra-se confuso, sem saber onde está. Tal sentimento é fruto das transformações ocorridas no ambiente, como apontado em: “Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço” / “Árvores aqui vi tão florescentes [...] nem troncos vejo agora decadentes”. Assim, é possível depreender que o sentimento do poeta frente à natureza modificada é de completa perplexidade.