Logo UNESP

Questão 9 Unesp 2020 - 1ª fase

Carregar prova completa Compartilhe essa resolução

Questão 9

textos literários Arcadismo

Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões de 09 a 13.

    Onde estou? Este sítio desconheço:
    Quem fez tão diferente aquele prado?
    Tudo outra natureza tem tomado,
    E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.

    Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
    De estar a ela um dia reclinado;
    Ali em vale um monte está mudado:
    Quanto pode dos anos o progresso!

    Árvores aqui vi tão florescentes,
    Que faziam perpétua a primavera:
    Nem troncos vejo agora decadentes.

    Eu me engano: a região esta não era;
    Mas que venho a estranhar, se estão presentes
    Meus males, com que tudo degenera!

(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)

O tom predominante no soneto é de



a)

ingenuidade.

b)

apatia.

c)

ira.

d)

ironia.

e)

perplexidade.

Resolução

a) Incorreta. Embora o eu lírico fique perplexo com as transformações sofridas pela natureza, ele também demonstra certa perspicácia ao atribuir esse cenário ao progresso da sociedade, ou seja, à atividade mineradora da época. Logo, não é possível sustentar que haja ingenuidade.

b) Incorreta. Ao contrário de apatia, o poeta exprime descontentamento com o cenário encontrado.

c) Incorreta. Ao deparar-se com uma natureza destruída, o eu lírico desabafa: “E em contemplá-lo [o sítio], tímido, esmoreço”. Logo, o poeta sente-se enfraquecido, sem ânimo e não revoltado ou com ira.

d) Incorreta. Não há trechos irônicos no poema.

e) Correta. No soneto “VII”, o eu lírico demonstra-se confuso, sem saber onde está. Tal sentimento é fruto das transformações ocorridas no ambiente, como apontado em: “Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço” / “Árvores aqui vi tão florescentes [...] nem troncos vejo agora decadentes”. Assim, é possível depreender que o sentimento do poeta frente à natureza modificada é de completa perplexidade.