Observe a gravura.
(José Guadalupe Posada. “Caveira revolucionária”. In: J.G. Posada: Mexican Popular Prints, 1993.)
Produzida no início da década de 1910, a gravura representa a Revolução Mexicana como marcada
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pela participação feminina e pela recuperação de elementos da tradição pré-colombiana. |
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pela vitória dos projetos revolucionários populares e pela construção de uma nova ordem social. |
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pela negociação político-diplomática e pelos altos índices de assassinatos de mulheres. |
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pela interferência de países estrangeiros e pela perda da autonomia do país. |
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pela repressão governamental e pela imposição de castigos físicos aos revolucionários. |
A Revolução Mexicana foi um movimento iniciado em 1910, contrário ao governo autoritário de Porfírio Diaz. O movimento teve como um de seus principais aspectos a questão da terra, sendo suas principais lideranças Emiliano Zapata ao Sul e Pancho Vila ao norte, contrários à concetração fundiária e ao governo ditatorial.
O encerramento da Revolução foi encaminhado em 1917 com a promulgação de uma nova Constituição, que atendeu parcialmente as reivindicações dos revolucionários.
As mulheres participaram intensamente da Revolução, atuando tanto nos campos de batalhas quanto em intervenções diretas na vida política. Elas acompanharam e compuseram os exércitos revolucionários, sendo conhecidas como soldaderas, e foram amplamente retratadas na cultura popular. Essas mulheres foram fundamentais no conflito, tendo algumas inclusive ascendido ao posto de capitãs, como foi o caso de Petra Herrera.
A gravura de José Guadalupe Posada apresenta em primeiro plano um esqueleto vestido com trajes femininos típicos do México, com arma na cintura e montando um cavalo. Ao fundo, observamos uma paisagem montanhosa e outros esqueletos que parecem movimentar-se de forma entusiasmada com a cena. O protagonismo de uma figura revolucionária de saias destaca a representação da participação feminina na Revolução. Já o uso dos esqueletos/caveiras na gravura fazem alusão a representações bastante típicas da cultura mexicana, alusivas ao Dia dos Mortos. Vale lembrar que essa festividade era celebrada pelos povos pré-colombianos - maias, astecas, purépechas e totonacas – anteriormente à conquista espanhola. No calendário asteca, por exemplo, existiam diversas festejos dedicados aos mortos, sendo uma prática comum a conservação de crânios para usá-los em rituais que simbolizavam a morte e o renascimento. Ou seja, podemos afirmar que a representação dos revolucionários como esqueletos faz alusão a essa antiga tradição pré-colombiana.