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Questão 61 Unesp 2020 - 1ª fase

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Questão 61

Eutrofização

Mortandade de peixes e coloração da água do Rio Tietê preocupam no interior de SP

Rio Tietê está ficando irreconhecível em parte do interior paulista

    A água de cor estranha e o cheiro forte estão preocupando quem mora perto do rio. Pescadores estão voltando para casa com as redes vazias.

    “O que você está vendo são os peixes mortos. Mas não morrem só peixes, morre toda uma cadeia abaixo dos peixes, que são outros microrganismos, pequenos crustáceos, pequenos moluscos que são alimentos dos peixes”, explica o biólogo Arif Cais, professor voluntário aposentado da Unesp de São José do Rio Preto.

(https://g1.globo.com, 11.05.2019. Adaptado.)


A reportagem faz referência ao fenômeno de eutrofização. Nesse fenômeno, um dos eventos que precedem e um dos eventos que sucedem a mortandade dos peixes são, respectivamente:



a)

despejo de esgotos nas águas e decomposição aeróbica.

b)

proliferação de microrganismos aeróbicos e decomposição anaeróbica.

c)

redução da matéria orgânica disponível e mortandade de crustáceos e moluscos.

d)

turvação da água e redução da matéria orgânica disponível.

e)

produção de gás sulfídrico e proliferação de microrganismos aeróbicos.

Resolução

O fenômeno da eutrofização consiste no aumento descontrolado das populações de algas unicelulares ou de cianobactérias, seres vivos constituintes do fitoplânton. Esse crescimento populacional explosivo tem como principal causa o aumento do aporte, nos ecossistemas aquáticos (como lagos, lagoas e mares), de nutrientes minerais, em especial o nitrato (NO3-) e o fosfato (PO43-), que proporcionam o aumento da taxa fotossintética. As principais fontes desses nutrientes que levam ao fenômeno da eutrofização são: fertilizantes agrícolas, resíduos industriais e esgoto doméstico.

Existem duas consequências principais do aumento do tamanho das populações dos seres vivos microscópicos que constituem o fitoplâncton (plâncton autótrofo): limitação da penetração de luz no fundo dos corpos d’água e aumento do número de algas ou cianobactérias que morrem quando completam o seu ciclo de vida.

No primeiro caso, a camada espessa de fitoplâncton que se forma na superfície de lagos e lagoas diminui muito a intensidade luminosa que chega até as algas bentônicas, ou seja, até as algas que vivem fixas nas rochas do assoalho dos ecossistemas lacustres. Desse modo, essas algas multicelulares acabam morrendo, o que gera matéria orgânica morta e também uma diminuição da fotossíntese total realizada pelos produtores. No segundo caso, a mortalidade das algas e cianobactérias acaba por gerar uma expressiva quantidade de matéria orgânica morta, uma vez que: 1) muitas das espécies de algas ou de cianobactérias apresentam um baixo valor nutricional, de modo que suas populações não são significativamente afetadas pela predação realizada pelo zooplâncton; e 2) as populações de protozoários e animais que constituem o zooplâncton são fortemente reguladas por peixes planctívoros, os quais impedem que as primeiras apresentem um elevado crescimento populacional e, assim, aumentem a taxa de consumo de algas e cianobactérias.

O excesso de matéria orgânica morta gerado pelo crescimento exacerbado dos organismos que constituem o fitoplâncton leva ao aumento da demanda bioquímica de oxigênio (DBO).

Quanto maior for a DBO, maior será a quantidade de oxigênio necessária para que a matéria orgânica morta seja decomposta. Logo, em ecossistemas aquáticos em processo de eutrofização, haverá uma intensa proliferação de bactérias decompositoras aeróbicas, as quais irão provocar a queda da concentração de oxigênio no ambiente aquático. Assim, a concentração de O2 se tornará baixa (hipóxia) e, eventualmente, o oxigênio se tornará ausente (anóxia) na água. Consequentemente, os seres vivos que dependem dessa molécula, como peixes, crustáceos, moluscos, algas e as próprias bactérias aeróbicas irão morrer, o que irá gerar mais matéria orgânica morta. No final do processo, surgem as chamadas ‘zonas mortas’, locais onde não existe mais oxigênio e nos quais a diversidade biológica é extremamente baixa. Esse momento é caracterizado pela intensa proliferação das bactérias decompositoras anaeróbicas, as quais são sensíveis à presença de O2 e são capazes de realizar a respiração anaeróbica, cujos produtos são gases malcheirosos, como o metano (CH4) e o sulfeto de hidrogênio (H2S).

Portanto, um dos eventos que precedem a mortandade de peixes é a proliferação de bactérias decompositoras aeróbicas, as quais causam a diminuição da concentração de O2 na água, causando a morte da maioria dos seres vivos aquáticos. Esse fato leva ao evento que sucede a mortandade dos peixes: a proliferação de bactérias decompositoras anaeróbicas, as quais conseguem viver em locais anóxicos.