Leia o soneto “Luva abandonada”, de Alberto de Oliveira, para responder às questões a seguir.
Uma só vez calçar-vos me foi dado,
Dedos claros! A escura sorte minha,
O meu destino, como um vento irado,
Levou-vos longe e me deixou sozinha!
Sobre este cofre, desta cama ao lado,
Murcho, como uma flor, triste e mesquinha,
Bebendo ávida o cheiro delicado
Que aquela mão de dedos claros tinha.
Cálix1 que a alma de um lírio teve um dia
Em si guardada, antes que ao chão pendesse,
Breve me hei de esfazer2 em poeira, em nada...
Oh! em que chaga viva tocaria
Quem nesta vida compreender pudesse
A saudade da luva abandonada!
(www.nilc.icmc.usp.br)
1cálix: invólucro externo de uma flor; cálice.
2esfazer: desfazer.
O referente do pronome relativo que consta da terceira estrofe é
a) |
lírio. |
b) |
alma. |
c) |
chão. |
d) |
cálix. |
e) |
poeira. |
A terceira estrofe apresenta como pronome relativo o vocábulo "que", de seu primeiro verso.
a) Incorreta. O pronome 'que' está anteposto a 'lírio', mas não o retoma. É mencionado que a alma "do lírio" teve o elemento referenciado pelo pronome "que", mas não é o seu referente.
b) Incorreta. A alma teve o elemento referenciado pelo pronome "que", mas não é o que ele representa.
c) Incorreta. O "chão" aparece na sequência, no verso seguinte, como destino do lírio que pendia, e não como o que é tido pela alma do lírio (referente do 'que').
d) Correta. O pronome retoma "cálix, seu termo antecedente, descrito como aquele que teve "a alma de um lírio" em si.
e) Incorreta. "Poeira" aparece na sequência, no último verso da estrofe, como aquilo no que a voz poemática se transformará, sem conexão com o "que".