Pacientes com hemofilia B não produzem o fator IX de coagulação devido a uma mutação no gene que codifica esse fator localizado no cromossomo X. O tratamento mais antigo é a reposição semanal da proteína via corrente sanguínea. Atualmente, há duas opções para o tratamento da hemofilia B: o transplante de fígado, que é o órgão que produz o fator IX, ou a terapia gênica. Para que haja indicação do transplante de fígado, o paciente deve apresentar quadro de insuficiência hepática terminal. Os pacientes hemofílicos com insuficiência hepática que foram submetidos ao transplante foram curados das duas doenças. Em 2022, empresas de biotecnologia desenvolveram produtos que levam uma cópia do gene do fator IX diretamente ao fígado dos pacientes com hemofilia B. Uma cópia do gene do fator IX sem a mutação é encapsulado em vírus que entram especificamente nas células hepáticas, fazendo com que a pessoa passe a produzir o fator IX.
A genealogia a seguir representa uma família em que ocorre hemofilia B.
a) A mulher III.3 está grávida do homem III.4. Já se sabe que o bebê é um menino. Qual é a probabilidade de esse bebê nascer com hemofilia B?
b) Considere que o homem I.1 recebeu transplante de fígado antes de II.2 ter sido concebida e que ele não apresenta mais os sintomas da hemofilia B. Nesse caso, qual será a probabilidade de o filho menino do casal III.3 x III.4 nascer com hemofilia B? Justifique a sua resposta.
c) Explique como os vírus carregando uma cópia do gene do fator IX podem fazer com que a pessoa passe a produzir o fator IX.
A hemofilia é uma doença recessiva ligada ao sexo, ou seja, o alelo mutante recessivo está localizado no cromossomo X. Essa doença é mais frequente em homens, pois basta uma cópia do alelo mutante para que expressem a doença. Com base nesses conhecimentos os genótipos do heredograma podem ser deduzidos como apresentado abaixo:
a) Considerando os genótipos deduzidos no heredograma, a partir do casal III.3 (XHXh) e III.4 (XHY) a probabilidade de uma criança do sexo masculino apresentar a hemofilia (XhY) é de 50%, pois a mãe tem 50% de chance de passar o alelo recessivo associado à doença (Xh) enquanto o pai doa o cromossomo Y.
XH | Xh | |
XH | XHXH | XHXh |
Y | XHY | XhY |
b) O tratamento por meio do transplante de fígado é capaz de curar a doença no paciente que foi submetido a esse procedimento, pois restaura a capacidade de produção do fator de coagulação realizada nesse órgão. No entanto, as células germinativas que geram os espermatozoides não são alteradas geneticamente e ainda possuem o alelo mutante. Dessa forma, mesmo que o transplante ocorra antes do nascimento da filha II.2, essa será portadora do gene associado com a hemofilia e poderá transmiti-lo à sua filha III.3, como ilustrado no heredograma. Considerando que não ocorreu alteração nos genótipos de II.2 e de III.3, a probabilidade do menino do casal III.3 x III.4 nascer com hemofilia é a mesma, ou seja, 50%.
c) Os pacientes com hemofilia B possuem uma mutação gênica e não são capazes de produzir o fator de coagulação IX. O vírus geneticamente modificado carrega a cópia funcional do gene, a qual possui a sequência de nucleotídeos correta do gene do fator IX. Os vírus são capazes de introduzir esse gene nas células-alvo (células hepáticas) e após a incorporação desse DNA no genoma, essas células passam a expressar o gene que codifica uma proteína funcional (fator de coagulação IX) e restabelecer a via de coagulação. Nesse processo o gene é transcrito e o RNA mensageiro é traduzido, formando o fator de coagulação IX. Essas células e outras originadas por mitose nesse órgão serão capazes de produzir o fator de coagulação.