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Questão 4 Fuvest 2025 - 2ª fase - dia 2

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Questão 4

Geopolítica

China e Irã estabeleceram acordos econômicos e estratégicos há um ano, reforçando compromissos comerciais em função da Nova Rota da Seda. Segundo o pacto, a China investiria bilhões de dólares no Irã, em setores de petróleo, gás e petroquímica, no sistema de transporte e na infraestrutura fabril. Em troca, a China seria favorecida na compra de petróleo, gás e petroquímicos do Irã, por meio de descontos e outras vantagens econômicas. O acordo permite contornar o sistema dolarizado de pagamentos bancários, controlado pelos Estados Unidos, bem como os embargos implementados contra o Irã. O pacto entre China e Irã também prevê a aproximação deste com a Arábia Saudita, mediada pela China. Em paralelo, cabe destacar o ingresso recente nos BRICS do Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito, que estabeleceram uma estratégia geopolítica em relação aos EUA e à União Europeia. Em conjunto, essas ações movimentam o eixo geopolítico para a porção mais oriental do globo.

Carto Le monde en cartes, n.63, 2021 (Adaptado).

O infográfico ao lado trata das relações comerciais entre China e Irã entre 1995 e 2018, além de apresentar a linha do tempo dos embargos e sanções econômicas. Relacione o infográfico com o texto para responder:

a) Por que o pacto entre China e Irã ameniza as sanções econômicas que ocorrem desde 1995?

b) Considerando as relações comerciais entre China e Irã, cite uma razão para o fortalecimento das exportações e uma razão para a diminuição destas entre os dois países.

c) Para além do fornecimento de gás e petróleo do Irã, cite dois interesses geopolíticos da China em reforçar o acordo com o país iraniano.



Resolução

a) Com a imposição de sanções econômicas ao Irã lideradas pelos EUA desde a década de 1990, ora mais intensas ora menos intensas, é conclusivo pensar na aproximação do Irã com a China, o principal concorrente geopolitico e econômico dos EUA desde esse período. Como apresentam o texto e o infográfico, há o aumento das relações comerciais entre China e Irã. Com essa aproximação, o Irã consegue comercializar bens do setor energético (exportando-os) e produtos industrializados (importando-os) com um dos principais pólos econômicos do mundo, a China, e amenizar as sanções impostas pelos EUA e aliados (notadamente, países da Europa Ocidental).

b) Uma razão para o fortalecimento das exportações entre China e Irã é a aproximação comercial entre ambos como forma de contornar o sistema dolarizado de pagamentos bancários, controlado pelos Estados Unidos, bem como os embargos implementados contra o Irã. Uma razão para a diminuição das exportações entre os dois países são as recentes disputas pelo preço do petróleo exportado do Irã para a China e negociações sobre o valor do barril. Soma-se a isso as recentes tensões e conflitos no Oriente Médio envolvendo diretamente o Irã e grupos apoiados pelo país como o Hamas e o Hezbollah, o que faz com que os iranianos tenham que voltar esforços para contextos de enfrentamento de seus inimigos no Oriente Médio, como Israel, dificultando os fluxos comerciais com os chineses.

c) Um aumento da influência geopolítica da China no Irã com os grandes investimentos previstos na Nova Rota da Seda; o aproveitamento do isolamento do Irã pelo Ocidente com as sanções econômicas impostas para aumentar a influência em todo o Oriente Médio com um importante aliado da região e o fortalecimento do BRICS - o principal grupo de países emergentes do mundo - com a entrada do Irã no grupo e a mediação das relações com a Arábia Saudita - a potência regional sunita do Oriente Médio são alguns aspectos a serem considerados.

Além disso, a expansão comercial da economia chinesa não somente no Irã, mas também em relação a países como a Arábia Saudita, rival histórica do Irã que agora se aproxima por mediação da própria China, enfraquece a influência dos Estados Unidos, algo de interesse atual dos chineses.