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Questão 5 Fuvest 2025 - 2ª fase - dia 2

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Questão 5

Fenômenos extremos Dinâmica da circulação atmosférica

Mais da metade do deserto do Saara recebe menos de 25 mm de precipitação ao longo do ano. Porém, devido a uma anomalia de precipitação, grande parte desse deserto apresentou neste ano (2024) chuvas muito acima do normal, potencialmente atingindo um máximo de 500% da média anual e mais de 1000% da precipitação normal nas regiões centrais. Embora essa quantidade possa não parecer alta, consideradas as médias históricas, o volume de chuvas de poucos dias em algumas áreas foi equivalente aos totais anuais.

Disponível em https://metsul.com/ (Adaptado).

Área do deserto do Saara antes das chuvas, em 14 de agosto de 2024, 

e após as chuvas, em 10 de setembro de 2024.

Disponível em NASA, 2024.

Sobre as chuvas na região do deserto do Saara e as imagens de satélite, responda:

a) Qual o principal sistema atmosférico responsável pela formação de chuva para essa região do deserto do Saara?

b) Indique dois aspectos positivos resultantes desse aumento de precipitações.

c) Explique um impacto ambiental observado após a ocorrência anômala de chuvas nessa região do Saara.



Resolução

a) O principal sistema atmosférico responsável pelas chuvas que ocorrem no Saara durante o verão (estação que ocorre no hemisfério Norte nas datas citadas nas imagens no enunciado) é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), também denominado "cinturão tropical de instabilidade. Esse sistema atrai ventos úmidos para determinadas faixas latitudinais que variam conforme os meses do ano, sendo que nos meses entre junho e setembro a ZCIT promove aumento da umidade e ocorrência de chuvas nas latitudes próximas ao trópico de Câncer (conforme imagem a seguir), justamente em áreas em que ocorre o deserto do Saara.

Atuação da ZCIT em dois momentos opostos do ano. Disponível em: https://metsul.com/vem-muita-chuva-no-deserto-do-saara-e-isso-nao-e-um-bom-sinal-no-clima/

Importante ressaltar que, como a notícia nos diz no enunciado apresentado, "grande parte desse deserto apresentou neste ano (2024) chuvas muito acima do normal", o que é explicado pela atuação de um ciclone extratropical atípico, ou seja, uma anomalia climática que intensificou a atuação da ZCIT e atraiu ainda mais umidade que incidiu sobre parte do deserto. Segundo informações da empresa de Metereologia MetSul, "O sistema se formou sobre o Oceano Atlântico e se estendeu puxando umidade da África equatorial para o Norte do Saara"1.

1 - Disponível em: https://metsul.com/chuva-extrema-e-incomum-forma-lagos-no-deserto-do-saara/ .

b) O aumento das precipitações colabora para recarga de lençóis freáticos e aquíferos (reservas subterrâneas de água) em áreas extremamente secas. Também há o surgimento de corpos hídricos (rios e lagos) antes inexistentes, como demonstram as imagens apresentadas. Em ambos os casos, os aspectos positivos se vinculam à possibilidade de maior abastecimento de regiões extremamente secas, o que favorece o desenvolvimento de atividades agrícolas e ameniza a escassez hídrica em povoados e aldeias situadas em tais regiões.

É importante destacar que esses benefícios são de curto prazo e podem não ser suficientes para reverter os efeitos da desertificação e das mudanças climáticas no Saara. A região continua sendo um dos ambientes mais áridos do planeta, e a ocorrência de eventos climáticos extremos, como as chuvas intensas de 2024, pode se tornar mais frequente no futuro.

c) Um dos impactos mais visíveis foi a erosão dos solos. As chuvas torrenciais sobre um solo árido e desprotegido (ausência de vegetação no deserto) causaram o deslocamento de grandes quantidades de sedimentos, assoreando cursos d'água e alterando a paisagem. Essa erosão pode ter consequências duradouras, como a perda de fertilidade do solo, a redução da capacidade de infiltração da água e o aumento do risco de desertificação em longo prazo.