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Questão 85 Fuvest 2025 - 1ª fase

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Questão 85

Inconfidência Mineira Romanceiro da Inconfidência

“Se a derrama for lançada, 
há levante, com certeza. 
Corre-se por essas ruas? 
Corta-se alguma cabeça? 
Do cimo de alguma escada, 
profere-se alguma arenga? 
Que bandeira se desdobra? 
Com que figura ou legenda? 
Coisas da Maçonaria, 
do Paganismo ou da Igreja? 
A Santíssima Trindade? 
Um gênio a quebrar algemas? 
Atrás de portas fechadas, 
à luz de velas acesas, 
entre sigilo e espionagem, 
acontece a Inconfidência.” 

Os versos de Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, remetem



a)

à insurreição promovida por maçons e reinóis, adeptos do iluminismo, contra a cobrança do quinto real sobre a exploração de diamantes na Capitania de Minas Gerais.

b)

à possibilidade de sublevação motivada pela defesa da liberdade, por indivíduos de diferentes setores de Minas Gerais, ante a ameaça de cobrança de impostos metropolitanos.

c)

à disputa entre católicos apoiadores do recolhimento do dízimo nas Minas Gerais e republicanos defensores da suspensão de impostos cobrados pelo Estado e pela Igreja.

d)

ao movimento de setores reacionários da sociedade mineira, responsáveis por conspirar contra os idealizadores da Conjuração e denunciar os seus planos de revolução.

e)

à trapaça e delação, que fizeram parte da Conjuração e ocorreram em razão das discrepâncias ideológicas dos denunciantes em relação aos rebelados.

Resolução

a) Incorreta. A alternativa aborda alguns elementos presentes na Inconfidência - ou Conjuração - Mineira, como a participação de maçons e a insatisfação com a cobrança de impostos. No entanto, ela simplifica a complexidade do movimento ao destacar apenas a questão dos diamantes e a participação de reinóis. Embora a extração de diamantes também fosse sujeita ao controle da Coroa, o minério que mais se destacava em toda o imbróglio da Conjuração era o ouro. Já a participação de reinóis - como se designavam os originários do Reino de Portugal - não era central para a rebelião, já que a maioria dos rebeldes era de colonos brasileiros. 

b) Correta. A alternativa aborda a defesa da liberdade como um dos principais motivadores da Inconfidência, sendo que a leitura iluminista do conceito de liberdade política e econômica era bastante popular entre os conjurados. Também se menciona a participação de diversos setores da sociedade mineira, o que corresponde de maneira correta ao painel dos revoltosos, que, embora fossem na maioria membros da elite mineira, contavam entre seus participantes com membros da classe média e clérigos, por exemplo. Já a ameaça da cobrança de impostos, principalmente com a possibilidade de se decretar a Derrama - cobrança forçada feita por meio do confisco de bens - foi um dos principais gatilhos para a costura da revolta. 

c) Incorreta. A alternativa estabelece uma falsa divisão entre católicos e republicanos (diversos participantes da revolta, que possuía caráter republicano, eram católicos, alguns inclusive eram membros do clero), além de simplificar a questão dos impostos, levantando uma simples possibilidade de suspensão, quando a discussão era mais complexa e envolvia a possibilidade de estabelecimento de uma racionalidade fiscal na cobrança dos tributos. Dessa forma, podemos dizer que a Inconfidência não se resumia a uma disputa religiosa, mas sim a um movimento mais amplo por mudanças políticas.

d) Incorreta. Os versos de Cecília Meireles retratam a expectativa e a esperança dos conspiradores, não a ação de setores reacionários, que, no contexto histórico da obra literária citada, seriam contrários às mudanças propostas pelos conjurados. A delação e a traição são temas presentes nos versos de Meireles e no processo histórico da Inconfidência, já que os planos de revolta foram desbaratados pela delação de alguns de seus participantes, mas não são o foco principal do trecho destacado.

e) Incorreta. A alternativa aborda um aspecto importante da Inconfidência, mas não captura a amplitude dos temas presentes no Romanceiro da Inconfidência. A poetisa destaca a expectativa pela ação, a busca por um símbolo unificador e a atmosfera de sigilo e espionagem, elementos que vão além da questão da traição, e se concentram mais no planejamento da revolta, que se deu em sigilo para não despertar a atenção das autoridades portuguesas.