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Questão 6 Unesp 2025 - 2ª fase

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Questão 6

Fluxos migratórios mundias Formação e diversidade cultural da população brasileira

Curta brasileiro “Amarela” concorre à Palma de Ouro no Festival de Cannes

(Amarela/reprodução)

O curta-metragem “Amarela”, escrito e dirigido pelo nipo-brasileiro André Hayato Saito, passa-se em São Paulo e é estabelecido durante a final da Copa do Mundo de 1998, entre Brasil e França. A protagonista é Erika Oguihara (Melissa Uehara), uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa. A luta contra o sentimento de não pertencimento se aflora quando é confrontada por uma violência despercebida pela maioria. “Eu costumo falar sobre a questão de ser japonês demais para ser brasileiro e brasileiro demais para ser japonês. Sofri muito bullying sendo afirmado como ‘japinha’, ‘samurai’, ‘ninja’; e me sentia só, não me sentia visto”, diz Saito. “Receber essas tarjas é ignorar a história e a individualidade de cada um. O famoso ‘japonês é tudo igual’ é imensamente ofensivo e esses traumas reverberam até hoje. O filme vem para trazer essas questões identitárias que tanto fervilham dentro de mim e dentro de milhões de filhos de diásporas globais, para uma reflexão mais ampla”, comenta o diretor.

(https://bravo.abril.com.br, 14.05.2024. Adaptado.)

a) Apresente o interesse econômico do Brasil pela migração japonesa no século XX e cite uma contribuição cultural dos imigrantes japoneses à sociedade brasileira.

b) Defina “diáspora” e explique como ela pode se relacionar com episódios de xenofobia, como os relatados no excerto.



Resolução

a) A imigração japonesa para o Brasil tem sua origem no início do século XX, mais precisamente em 1908, e foi inaugurada pela chegada do navio Kasato Maru, o primeiro a transportar imigrantes japoneses para o Brasil, desembarcando em Santos com cerca de 780 imigrantes a bordo. 

Do ponto de vista brasileiro, o principal interesse nessa imigração era a aquisição de mão de obra para impulsionar o setor agrícola, especialmente nas plantações de café. O contexto da necessidade de tal mão de obra se relaciona a dois aspectos principais:

1) Declínio do uso de mão de obra escravizada: com a abolição da escravatura em 1888, o Brasil passava por uma escassez de mão de obra para trabalhar nas lavouras, principalmente nas grandes propriedades cafeeiras;

2) Expansão das plantações de café: o café era o principal produto de exportação do país na época e a demanda por mão de obra para expandir as plantações era crescente.

É válido ressaltar que o governo brasileiro e o japonês firmaram acordos que facilitavam tal imigração, como o transporte dos imigrantes e a concessão de terras para cultivo, o que contribuiu para tornar o Brasil o país com a segunda maior quantidade de japoneses no mundo (excetuando-se apenas o Japão). Dessa forma, a mão de obra japonesa contribuiu significativamente para o aumento da produção de café, mas esses imigrantes também introduziram novas culturas e técnicas agrícolas, diversificando a produção e contribuindo para o desenvolvimento do país.

Do ponto de vista cultural, os japoneses trouxeram contribuições que se disseminaram de maneira significativa em diversos setores da sociedade - ao vestibulando, bastaria citar uma das contribuições a seguir - sendo os principais exemplos relacionados à culinária/alimentação (sushi, sashimi, tempura, yakisoba, ramen, wasabi), às artes marciais (jiu-jitsu, karatê e judô), à arte/artesanato (técnicas de jardinagem, como o bonsai) e às produções literárias e audiovisuais (mangás e animes).

b) Diáspora é um termo utilizado para descrever a dispersão de grande quantidade de pessoas de uma região de origem para diferentes partes do mundo. Essa dispersão pode ocorrer por diversos motivos, como guerras, perseguições religiosas, catástrofes naturais ou busca por melhores condições de vida.

As diferenças culturais entre os imigrantes e a população local podem gerar desconfiança e preconceito. Costumes, crenças e valores diferentes podem ser vistos como ameaças à identidade cultural local ou ainda gerar percepções estereotipadas e episódios de xenofobia, sendo atribuídas aos imigrantes características negativas e generalizadas (como aquelas retratadas no texto do enunciado).