Logo UNESP

Questão 13 Unesp 2025 - 1ª fase

Carregar prova completa Compartilhe essa resolução

Questão 13

textos literários Pressupostos e Subentendidos

Para responder às próximas questões, leia um trecho do artigo “Quantos jovens sabem que o adjetivo ‘surreal’ deriva de um movimento centenário?”, do escritor e jornalista Sérgio Augusto, publicado em 25.02.2024.

    Quantos de nossos jovens saberão que o adjetivo “surreal”, por eles usado a torto e a direito para qualificar qualquer coisa que lhes pareça absurda, deriva de um dos movimentos de vanguarda mais controversos e influentes do século passado? Tão do século passado, que está fazendo 100 anos. O surrealismo, fruto de uma época quase tão conturbada quanto a nossa e também assolada por uma pandemia (a gripe espanhola), nasceu oficialmente em 1924, impulsionado pelo manifesto de André Breton.

    Nesse manifesto, Breton detonava o equilíbrio, o realismo (“hostil a todo impulso de liberação intelectual e moral” e refúgio dos medíocres), proclamava a prevalência absoluta do sonho, do inconsciente, do instinto e do desejo, pregava a renovação de todos os valores filosóficos, morais, políticos e científicos, preconizando uma nova maneira radical de ver as artes, o mundo – e a vida.

     “Não é o medo da loucura que nos vai obrigar a hastear a meio pau a bandeira da imaginação”, ameaçava Breton numa das melhores imprecações do manifesto, visceralmente antimilitarista (a Grande Guerra terminara seis anos antes) e anticlerical. Porém, esperançoso. Augurou que um dia a poesia decretasse o fim do dinheiro, utopia que a poesia não logrou, nem o Pix deverá consumar.

(www.estadao.com.br. Adaptado.)


“Não é o medo da loucura que nos vai obrigar a hastear a meio pau a bandeira da imaginação” (3º parágrafo) Nesse trecho de seu manifesto, André Breton sugere que



a)

a loucura deve se submeter à imaginação.

b)

a imaginação leva invariavelmente à loucura.

c)

a loucura potencializa a imaginação.

d)

a imaginação deve ser plenamente explorada.

e)

a imaginação é incapaz de representar a loucura.

Resolução

a) Incorreta. Breton sugere, na verdade, que o medo da loucura não deve limitar o exercício da criatividade. Não há qualquer indício textual de que a loucura deve se submeter à imaginação.

b) Incorreta. O “medo da loucura” mencionado indica que a insanidade é uma possibilidade, e não uma certeza.

c) Incorreta. Não há, no trecho, a ideia de que a loucura potencializa a imaginação. O que se quer transmitir é que a imaginação não deve ser limitada ou moderada por um medo da loucura.

d) Correta. A expressão “hastear a meio pau” é a designação pela qual é conhecida a posição, situada abaixo do topo do mastro ou pau de bandeira, em que uma bandeira é arvorada como sinal de luto. Nesse sentido, levando em consideração o contexto em que a expressão foi utilizada, “hastear a meio pau a bandeira da imaginação” seria, figurativamente, aceitar com resignação a limitação da imaginação (gerada pelo medo da loucura). Logo, na visão de André Breton, a imaginação deve ser plenamente explorada, ainda que possa causar loucura.

e) Incorreta. Não há, no trecho, a ideia de que a imaginação é incapaz de representar a loucura. O que se quer transmitir é que a imaginação não deve ser limitada ou moderada por um medo da loucura.