Para responder às próximas questões, leia um trecho do artigo “Quantos jovens sabem que o adjetivo ‘surreal’ deriva de um movimento centenário?”, do escritor e jornalista Sérgio Augusto, publicado em 25.02.2024.
Quantos de nossos jovens saberão que o adjetivo “surreal”, por eles usado a torto e a direito para qualificar qualquer coisa que lhes pareça absurda, deriva de um dos movimentos de vanguarda mais controversos e influentes do século passado? Tão do século passado, que está fazendo 100 anos. O surrealismo, fruto de uma época quase tão conturbada quanto a nossa e também assolada por uma pandemia (a gripe espanhola), nasceu oficialmente em 1924, impulsionado pelo manifesto de André Breton.
Nesse manifesto, Breton detonava o equilíbrio, o realismo (“hostil a todo impulso de liberação intelectual e moral” e refúgio dos medíocres), proclamava a prevalência absoluta do sonho, do inconsciente, do instinto e do desejo, pregava a renovação de todos os valores filosóficos, morais, políticos e científicos, preconizando uma nova maneira radical de ver as artes, o mundo – e a vida.
“Não é o medo da loucura que nos vai obrigar a hastear a meio pau a bandeira da imaginação”, ameaçava Breton numa das melhores imprecações do manifesto, visceralmente antimilitarista (a Grande Guerra terminara seis anos antes) e anticlerical. Porém, esperançoso. Augurou que um dia a poesia decretasse o fim do dinheiro, utopia que a poesia não logrou, nem o Pix deverá consumar.
(www.estadao.com.br. Adaptado.)
Está empregado em sentido figurado o seguinte verbo sublinhado no artigo:
a) |
“detonava” (2º parágrafo). |
b) |
“Augurou” (3º parágrafo). |
c) |
“logrou” (3º parágrafo). |
d) |
“proclamava” (2º parágrafo). |
e) |
“pareça” (1º parágrafo). |
a) Correta. A forma verbal "detonava", no trecho "Nesse manifesto, Breton detonava o equilíbrio, o realismo", está empregada em sentido figurado para expressar a ideia de "criticar veementemente" ou "atacar". Tal acepção é diferente do sentido literal de "detonar", o qual é provocar uma explosão ou dar início à detonação de um explosivo.
b) Incorreta. O verbo 'augurar' tem o sentido de 'prever', 'pressagiar', 'agourar', 'desejar', 'projetar (para o futuro)'; logo, no contexto, é apresentado em seu sentido literal, já que Breton 'pressagia', 'projeta para o futuro' que a poesia decretaria o fim do dinheiro.
c) Incorreta. O verbo 'lograr' tem o sentido de 'conseguir', 'alcançar (um objetivo)'; logo, no contexto, é apresentado em seu sentido literal, já que a poesia realmente não conseguiu alcançar o objetivo (utopia) de decretar o fim do dinheiro.
d) Incorreta. O verbo 'proclamar' tem o sentido de 'anunciar', 'declarar publicamente ou enfaticamente'; logo, no contexto, é apresentado em seu sentido literal, pois Breton realmente anunciava publicamente a "prevalência absoluta do sonho".
e) Incorreta. O verbo 'parecer' tem o sentido de 'ter aparência', 'apresentar semelhança com alguma coisa'; logo, no contexto, é apresentado em seu sentido literal, pois no texto se relaciona com algo que, na visão dos jovens, tem aparência ou semelhança com algo absurdo.