Leia o excerto para responder às próximas questões.
O ponto central do governo colonial era a questão de como extrair riqueza das colônias para o benefício das potências europeias ocupantes. Para esse fim, na virada do século, a administração colonial britânica começou a construir uma linha ferroviária que ligaria várias partes de suas três colônias que se tornariam a Nigéria. As mulheres foram amplamente excluídas da força de trabalho assalariada.
A introdução de relações capitalistas na forma de trabalho assalariado era uma novidade na economia e teve fundamentais repercussões, particularmente na definição de trabalho.
Além do acesso ao dinheiro, o que o trabalho assalariado significava para os homens, havia efeitos mais sutis, mas igualmente profundos. Como os homens recebiam um salário, seu trabalho adquiria valor de troca, enquanto o trabalho das mulheres retinha apenas seu valor de uso, desvalorizando o trabalho que se associava às mulheres.
O trabalho das mulheres tornou-se invisível. Na realidade, os salários de fome pagos aos homens pelo governo colonial eram insuficientes para manter a família, e o trabalho das mulheres continuava tão necessário quanto sempre para a sobrevivência da comunidade.
(OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero, 2021. Adaptado.)
Uma importante transformação na dinâmica de funcionamento da sociedade nigeriana, destacada pelo excerto, é
a) |
o fim da vida comunitária no continente africano, ante a perspectiva de maior crescimento econômico e social do continente. |
b) |
a valorização do equilíbrio entre gêneros, proporcionada pelo reconhecimento dos papéis diversos desempenha dos por homens e mulheres na sociedade. |
c) |
a manifestação de um espírito de solidariedade entre as mulheres, provocado pela necessidade de resistir à proibição colonial do trabalho feminino. |
d) |
o reconhecimento social da importância do trabalho feminino, como base do funcionamento e da estabilidade do cotidiano familiar. |
e) |
a reestruturação das relações entre gêneros, com a consolidação de uma hierarquia capaz de reforçar a dimensão patriarcal da sociedade. |
a) Incorreta. O texto não sugere o fim da vida comunitária, mas sim uma mudança na percepção do trabalho feminino e masculino. Além disso, o excerto enfatiza os problemas gerados pela introdução do capitalismo e da exploração colonial, não indicando crescimento econômico e social.
b) Incorreta. O texto aponta o oposto, mostrando uma desvalorização do trabalho feminino e uma hierarquia entre gêneros que reforça o patriarcado, e não contribui para o equilíbrio entre gêneros.
c) Incorreta. O excerto não menciona nenhuma proibição colonial ao trabalho feminino nem sugere que houve um movimento de resistência por parte das mulheres. A questão central é a invisibilidade e desvalorização do trabalho feminino, não a resistência a uma proibição.
d) Incorreta. Embora o trabalho feminino seja descrito como essencial para a sobrevivência da comunidade, o texto não indica um reconhecimento social dessa importância. Pelo contrário, o trabalho das mulheres foi desvalorizado e tornou-se “invisível” na sociedade colonial.
e) Correta. O texto menciona que, com a introdução do trabalho assalariado, o trabalho dos homens ganhou valor de troca (econômico), enquanto o das mulheres foi desvalorizado e tornado “invisível”. Isso reflete uma reestruturação nas relações de gênero, onde a remuneração do trabalho masculino consolidou uma hierarquia de gênero, reforçando o patriarcado e colocando o trabalho feminino em uma posição subvalorizada, apesar de sua importância para a sobrevivência da comunidade.