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Questão 65 Unicamp 2020 - 1ª fase

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Questão 65

Conjunção

Leia o texto a seguir e responda às questões 65 e 66.


O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias.

(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adotaboa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.)

Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da conjunção adversativa seguido da expressão “a boa notícia é que” permite ao jornalista



a)

apontar a gravidade da notícia e compensá-la.

b)

expor a neutralidade da notícia e reforçá-la.

c)

minimizar a relevância da notícia e acentuá-la.

d)

revelar a importância da notícia e enfatizá-la.

Resolução

a) Correto. As gramáticas costumam atribuir às conjunções adversativas o papel de introduzir o argumento mais forte de uma oposição. Dessa maneira, ao tratar de um tema disfórico (como o acidente de Brumadinho ou o incêndio no CT do Flamengo, citados no texto), o jornalista teria como saída a fórmula “mas a boa notícia é que...”, que evocaria uma afirmação eufórica poderosa o suficiente para desfazer eventuais sensações ruins constituídas pela primeira etapa da reportagem. 

b) Incorreto. O texto não fala de neutralidade, mas das grandes tragédias que aconteceram no início do ano e como esse panorama negativo desafia as formulações otimistas exigidas pelo “infotenimento”. 

c) Incorreto. Tampouco se trata de minimizar a “importância da notícia”, como se afirma na alternativa, mas uma tentativa de atenuar o negativismo de alguns temas, ao oferecer, de maneira contrastante, um argumento positivo. 

d) Incorreto. A ênfase seriam as facetas diferentes de uma mesma notícia, com a finalidade de suavizar a experiência dos telespectadores, a fim de vender um produto que garanta “uma experiência esteticamente agradável para o espectador”.