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Questão 66 Unicamp 2020 - 1ª fase

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Questão 66

Estrutura Vocabular - Processos de formação de palavras

Leia o texto a seguir e responda às questões 65 e 66.


O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias.

(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adotaboa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.)

Para se referir a matérias jornalísticas televisivas que informam e, ao mesmo tempo, entretêm os espectadores, o autor cria um neologismo por meio de



a)

derivação prefixal.

b)

composição por justaposição.

c)

composição por aglutinação.

d)

derivação imprópria.

Resolução

O texto apresenta a tese de que o telejornalismo tem como função a garantia de “uma experiência esteticamente agradável para o espectador”, a fim de que se atraiam “prestígio, anunciante e rentabilidade”. Para atingir esse fim estético, que estaria acima do conteúdo jornalístico, as agruras da realidade devem ser atenuadas. Dessa maneira, o jornalismo está condicionado à lógica do entretenimento. Por isso, o autor cunha a palavra “infotenimento” para justificar a informação que entretém ou o entretenimento que informa. Esse vocábulo seria o resultado da composição entre info[mação] e [entre]tenimento. Note-se a artificialidade dessa junção, produzida ad hoc, isto é, um vocábulo confeccionado para essa situação comunicativa específica. Quando se trata da aglutinação, strictu sensu, esse é um processo natural que acontece na acomodação fonética de uma frase [nominal] que caminha para uma estrutura de palavra. Assim, como não se trata de um processo diacrônico (ou seja, que se desenvolve no tempo), talvez fosse mais adequado descrever essa composição como uma palavra-valise ou amálgama, e não aglutinação. Essa seria, portanto, a alternativa mais próxima da descrição do processo de formação do neologismo "infotenimento", embora não esteja totalmente adequada.