Questão 37 Enem 2024 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas
As reações à sétima temporada foram o ápice do último estágio em Game of Thrones. De forma alguma, este que vos fala seria capaz de argumentar que a série é perfeita, mas os defeitos que existem aqui sempre existiram, de uma forma ou de outra, durante os sete anos em que ela esteve no ar. Os dois roteiristas foram brilhantes em traduzir os personagens intrincados e conflituosos da obra de George R. R. Martin, mas nunca souberam exatamente como fazer jus a eles (e especialmente a elas, as mulheres da trama).
A verdade é que, com tudo isso e mais Ramin Djawadi evocando sentimentos e ambientes improváveis com sua trilha sonora magistral, a série não conseguiria ser ruim nem se tentasse, mas continua sendo uma pena que, ao buscar o seu final com tanta sede e tanta celeridade, Benioff e Weiss tenham tirado sua qualidade mais preciosa: o fôlego, a paciência e o detalhismo que faziam suas palavras se levantarem do papel e ganharem vida.
Disponível em: https://observatoriodocinema.uol.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017 (adaptado)
Ainda que faça uma avaliação positiva da série, nessa resenha, o autor aponta aspectos negativos da obra ao utilizar
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marcas de impessoalidade que disfarçam a opinião do especialista. |
| b) |
expressões adversativas para fazer ressalvas às afirmações elogiosas. |
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interlocução com o leitor para corroborar opiniões contrárias à adaptação. |
| d) |
eufemismos que minimizam as críticas feitas à construção das personagens. |
| e) |
antíteses que opõem a fragilidade do roteiro à beleza da trilha sonora da série. |
a) Incorreta. Tanto pela característica essencial do gênero textual (resenha crítica) quanto pelos marcadores formais do texto em primeira pessoa, ficam evidentes que há marcas de subjetividade, e não de impessoalidade. Por consequência, não há também uma tentativa de disfarçar a opinião do especialista, mas de evidenciá-la.
b) Correta. Ao longo do texto, o autor usa a estratégia de apresentar as características negativas da obra por meio de ressalvas feitas às afirmações elogiosas. O recurso mais recorrente no texto é o uso da conjunção adversativa “mas”, empregada na sequência de algum comentário positivo, como forma de marcar essas ressalvas. Tal estratégia fica evidente, por exemplo, no trecho “Os dois roteiristas foram brilhantes em traduzir os personagens intrincados e conflituosos da obra de George R. R. Martin, mas nunca soube exatamente como fazer jus a eles”.
c) Incorreta. Embora haja um momento pontual de interlocução com o leitor (marcada, no primeiro parágrafo, pelo uso da expressão “este que vos fala”), esse recurso não é utilizado para apontar os aspectos negativos da obra.
d) Incorreta. O autor do texto tece críticas objetivas em relação à obra, como quando afirma que os roteiristas nunca souberam fazer jus aos personagens criados pelo autor do livro no qual a série foi inspirada ou quando afirma que os criadores da série tiraram sua qualidade mais preciosa. Nesse sentido, não é possível afirmar que o autor do texto use eufemismos para tecer suas críticas negativas.
e) Incorreta. A menção à trilha sonora da série é pontual e, além disso, não é construída uma antítese entre a trilha sonora e o roteiro, uma vez que ambos são qualificados como positivos pelo autor do texto (os dois roteiristas são “brilhantes” e a trilha sonora é “magistral”).