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Questão 38 Enem 2024 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 38

Interpretação de Textos

    — Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

    Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

    — Não pode? — perguntei com assombro. E por quê?

    Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.

    — Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009.


Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que



a)

diferencia a produção artística do registro padrão da língua.

b)

aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.

c)

defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.

d)

contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.

e)

associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais.

Resolução

a) Incorreta. O trecho diferencia especificamente a produção artística literária, não a produção artística em geral, do registro coloquial da língua, não do padrão. 

b) Incorreta. Na verdade, o fragmento distancia a literatura dos dialetos sociais de pouco prestígio, como o coloquial. Isso é possível de ser observado no trecho: "Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia".

c) Incorreta. O texto critica a possibilidade de existência de uma relação entre a fala e o estilo literário de um autor. Isso é possível de ser observado no trecho: "Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia".

d) Correta. Como o enunciado pede o que a discussão do texto diz em relação à escrita, então o preciosismo linguístico mencionado na alternativa diz respeito à literatura, este que é próprio de um registro padrão da língua. A partir disso, ele é contraposto a situações de coloquialidade, uma vez que, para Gondim, "A literatura é a literatura [...]. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa".

e) Incorreta. No texto, a norma culta é associada unicamente à escrita literária. Os desentendimentos pessoais são categorizados pelo uso da coloquialidade.