TEXTO I
Aristóteles entendia que a felicidade era diretamente ligada ao respeito pela própria natureza e, de certa maneira, a uma vida que tivesse na natureza de si mesma uma referência inabalável. Isso lhe permitiu formular o conceito de excelência. O que seria excelência? Seria, justamente, ao longo da vida, tirar de si mesmo, em forma de performance, de conduta, de comportamento, de disposição, o que a natureza permitiria de melhor.
COEN. M.; BARROS FILHO, C. A monja e o professor: reflexões sobre ética, preceitos e valores. Rio de Janeiro: Best Seller, 2018.
TEXTO II
A noção de eudaimonia é central para a ética aristotélica. A eudaimonia é uma atividade e não um estado psicológico, pois é definida na Ética a Nicômaco como uma atividade da alma com base na virtude moral. A virtude moral é definida em termos de uma disposição diretamente ligada à deliberação, o que leva a estudar a virtude intelectual que opera em seu interior, isto é, a prudência. A estrutura conceitual da ética aristotélica responde a uma tentativa de elucidar conceitualmente em que consiste isto, agir bem, ou, na linguagem aristotélica, o que significa ser feliz.
ZINGANO, M. Eudaimonia, razão e contemplação na ética aristotélica. Analytica, n. 1, 2017 (adaptado).
Os textos indicam que a prática de ações virtuosas, sempre efetivada na pólis, ocorre por meio do(a)
a) |
teoria das formas essenciais. |
b) |
identificação dos princípios racionais |
c) |
desenvolvimento das técnicas retóricas. |
d) |
aperfeiçoamento das condutas humanas. |
e) |
conhecimento das epistemes verdadeiras. |
Os dois textos abordam a perspectiva ética aristotélica, segundo a qual o ser humano atinge um estado de eudaimonia - realização plena - a partir da prática da virtude e do desenvolvimento de suas potencialidades. A virtude moral é definida, para o filósofo, como o comportamento prudente que busca alcançar o meio-termo ou a justa medida entre o vício do excesso e o vício da falta. O comportamento virtuoso exige, portanto, o uso da razão para que se possa adotar uma conduta prática do bem agir.
a) Incorreta. A alternativa faz menção a Teoria das Formas de Platão, segundo a qual a realidade sensível é constituída apenas de sombras ou cópias imperfeitas das Formas ou Ideias perfeitas e imutáveis que existem no mundo inteligível. Não se refere ao pensamento de Aristóteles.
b) Incorreta. Ainda que a ética aristotélica exija o uso da razão para encontrar o comportamento considerado prudente ou equilibrado, os dois textos apontam para o desenvolvimento de um comportamento prático, o que o não está expresso nessa alternativa.
c) Incorreta. O desenvolvimento de técnicas retóricas, isto é, do desenvolvimento de discursos que fossem convincentes aos ouvintes, está associado aos Sofistas e não condiz com a ideia de virtude em Aristóteles.
d) Correta. A prática de ações virtuosas, como sugere o primeiro texto, exige que os homens aperfeiçoem suas condutas rumo à excelência, que deve estar de acordo com a sua própria natureza.
e) Incorreta. A prática da virtude não se associa ao acesso ao conhecimento verdadeiro. Tal alternativa faz referência à Teoria das Ideias de Platão, para quem o agir bem exige o conhecimento da Ideia de Bem, presente no mundo inteligível.