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Questão 57 Enem 2024 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 57

Ética Aristóteles

TEXTO I

    Aristóteles entendia que a felicidade era diretamente ligada ao respeito pela própria natureza e, de certa maneira, a uma vida que tivesse na natureza de si mesma uma referência inabalável. Isso lhe permitiu formular o conceito de excelência. O que seria excelência? Seria, justamente, ao longo da vida, tirar de si mesmo, em forma de performance, de conduta, de comportamento, de disposição, o que a natureza permitiria de melhor.

    COEN. M.; BARROS FILHO, C. A monja e o professor: reflexões sobre ética, preceitos e valores. Rio de Janeiro: Best Seller, 2018.

TEXTO II

    A noção de eudaimonia é central para a ética aristotélica. A eudaimonia é uma atividade e não um estado psicológico, pois é definida na Ética a Nicômaco como uma atividade da alma com base na virtude moral. A virtude moral é definida em termos de uma disposição diretamente ligada à deliberação, o que leva a estudar a virtude intelectual que opera em seu interior, isto é, a prudência. A estrutura conceitual da ética aristotélica responde a uma tentativa de elucidar conceitualmente em que consiste isto, agir bem, ou, na linguagem aristotélica, o que significa ser feliz.

ZINGANO, M. Eudaimonia, razão e contemplação na ética aristotélica. Analytica, n. 1, 2017 (adaptado).


Os textos indicam que a prática de ações virtuosas, sempre efetivada na pólis, ocorre por meio do(a)



a)

teoria das formas essenciais.

b)

identificação dos princípios racionais

c)

desenvolvimento das técnicas retóricas.

d)

aperfeiçoamento das condutas humanas.

e)

conhecimento das epistemes verdadeiras.

Resolução

Os dois textos abordam a perspectiva ética aristotélica, segundo a qual o ser humano atinge um estado de eudaimonia - realização plena - a partir da prática da virtude e do desenvolvimento de suas potencialidades. A virtude moral é definida, para o filósofo, como o comportamento prudente que busca alcançar o meio-termo ou a justa medida entre o vício do excesso e o vício da falta. O comportamento virtuoso exige, portanto, o uso da razão para que se possa adotar uma conduta prática do bem agir.
a) Incorreta. A alternativa faz menção a Teoria das Formas de Platão, segundo a qual a realidade sensível é constituída apenas de sombras ou cópias imperfeitas das Formas ou Ideias perfeitas e imutáveis que existem no mundo inteligível. Não se refere ao pensamento de Aristóteles.
b) Incorreta. Ainda que a ética aristotélica exija o uso da razão para encontrar o comportamento considerado prudente ou equilibrado, os dois textos apontam para o desenvolvimento de um comportamento prático, o que o não está expresso nessa alternativa. 
c) Incorreta. O desenvolvimento de técnicas retóricas, isto é, do desenvolvimento de discursos que fossem convincentes aos ouvintes, está associado aos Sofistas e não condiz com a ideia de virtude em Aristóteles.
d) Correta. A prática de ações virtuosas, como sugere o primeiro texto, exige que os homens aperfeiçoem suas condutas rumo à excelência, que deve estar de acordo com a sua própria natureza. 
e) Incorreta. A prática da virtude não se associa ao acesso ao conhecimento verdadeiro. Tal alternativa faz referência à Teoria das Ideias de Platão, para quem o agir bem exige o conhecimento da Ideia de Bem, presente no mundo inteligível.