Eu sentia falta do futuro. É claro que eu sabia, muito mesmo antes da recorrência dele, que nunca envelheceria. Era muito provável que eu nunca mais fosse ver o oceano de uma altura de trinta mil pés de novo, uma distância tão grande que não dá nem para distinguir as ondas, nem nenhum barco, de um jeito que faz o oceano parecer um enorme e infinito monólito. Eu poderia imaginá-lo. Eu poderia me lembrar dele. Mas não poderia vê-lo de novo, e me ocorreu que a ambição voraz dos seres humanos nunca é saciada quando os sonhos são realizados, porque há sempre a sensação de que tudo poderia ter sido feito melhor e ser feito outra vez.
GREEN, J. A culpa é das estrelas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
O texto apresenta uma reflexão da personagem acerca de um problema característico da filosofia contemporânea que trata da(s)
a) |
implicações éticas. |
b) |
finitude humana. |
c) |
limitações da linguagem. |
d) |
pressuposição existencial. |
e) |
objetividade do conhecimento. |
O texto aborda a sensação de falta de futuro e a inevitabilidade do tempo, refletindo sobre as experiências perdidas — temas recorrentes na filosofia existencialista contemporânea. É possível identificar a angústia existencial, a busca por sentido e a insatisfação com a vida, questões que permeiam a obra de Jean-Paul Sartre. Para Sartre, "a existência precede a essência", o que significa que o ser humano não nasce com uma natureza predeterminada. Ao contrário, é por meio de suas vivências e escolhas que constrói sua identidade e define seu próprio significado. Assim, a obra destaca a responsabilidade do indivíduo em criar seu próprio sentido em um mundo frequentemente indiferente.
A ideia de que a ambição humana nunca é saciada e que os sonhos realizados não trazem plena satisfação também ecoa conceitos existencialistas, que questionam a natureza das escolhas e a busca por significado em um mundo que pode parecer indiferente. O texto, entretanto, menciona a consciência da finitude, como na passagem em que afirma que "eu sabia (...) que nunca envelheceria", também presente entre os autores existencialistas. Desse modo, consideramos adequado apontar que as alternativas b e d são, ambas, contempladas de alguma forma no fragmento.
a) Incorreta. Não há uma reflexão explícita sobre a ética ou sobre valores morais.
b) Correta. O texto trata da finitude humana ao enfatizar a consciência de que certas experiências e momentos são irreversíveis. A menção de que o eu-lírico "nunca envelheceria" sugere uma reflexão sobre a inevitabilidade da passagem do tempo e a limitação das experiências que podemos vivenciar. Essa percepção da finitude gera um sentimento de saudade e melancolia, evidenciando como a condição humana é marcada por limites e pela impossibilidade de revisitar momentos passados.
c) Incorreta. Não há uma reflexão sobre as limitações da linguagem, já que o texto trata das angústias ligadas à existência humana.
d) Correta. O texto aborda questões fundamentais da filosofia existencialista, explorando a angústia inerente à condição humana, o peso das escolhas que fazemos e a reflexão sobre a possibilidade de que a vida poderia ter tomado rumos diferentes.
e) Incorreta. O texto não aborda a temática do conhecimento enquanto algo objetivo.