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Questão 60 Enem 2024 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 60

Existencialismo e Fenomenologia

Eu sentia falta do futuro. É claro que eu sabia, muito mesmo antes da recorrência dele, que nunca envelheceria. Era muito provável que eu nunca mais fosse ver o oceano de uma altura de trinta mil pés de novo, uma distância tão grande que não dá nem para distinguir as ondas, nem nenhum barco, de um jeito que faz o oceano parecer um enorme e infinito monólito. Eu poderia imaginá-lo. Eu poderia me lembrar dele. Mas não poderia vê-lo de novo, e me ocorreu que a ambição voraz dos seres humanos nunca é saciada quando os sonhos são realizados, porque há sempre a sensação de que tudo poderia ter sido feito melhor e ser feito outra vez.

GREEN, J. A culpa é das estrelas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.


O texto apresenta uma reflexão da personagem acerca de um problema característico da filosofia contemporânea que trata da(s)



a)

implicações éticas. 

b)

finitude humana. 

c)

limitações da linguagem. 

d)

pressuposição existencial.

e)

objetividade do conhecimento. 

Resolução

O texto aborda a sensação de falta de futuro e a inevitabilidade do tempo, refletindo sobre as experiências perdidas — temas recorrentes na filosofia existencialista contemporânea. É possível identificar a angústia existencial, a busca por sentido e a insatisfação com a vida, questões que permeiam a obra de Jean-Paul Sartre. Para Sartre, "a existência precede a essência", o que significa que o ser humano não nasce com uma natureza predeterminada. Ao contrário, é por meio de suas vivências e escolhas que constrói sua identidade e define seu próprio significado. Assim, a obra destaca a responsabilidade do indivíduo em criar seu próprio sentido em um mundo frequentemente indiferente.

A ideia de que a ambição humana nunca é saciada e que os sonhos realizados não trazem plena satisfação também ecoa conceitos existencialistas, que questionam a natureza das escolhas e a busca por significado em um mundo que pode parecer indiferente. O texto, entretanto, menciona a consciência da finitude, como na passagem em que afirma que "eu sabia (...) que nunca envelheceria", também presente entre os autores existencialistas. Desse modo, consideramos adequado apontar que as alternativas b e d são, ambas, contempladas de alguma forma no fragmento. 

a) Incorreta. Não há uma reflexão explícita sobre a ética ou sobre valores morais.

b) Correta. O texto trata da finitude humana ao enfatizar a consciência de que certas experiências e momentos são irreversíveis. A menção de que o eu-lírico "nunca envelheceria" sugere uma reflexão sobre a inevitabilidade da passagem do tempo e a limitação das experiências que podemos vivenciar. Essa percepção da finitude gera um sentimento de saudade e melancolia, evidenciando como a condição humana é marcada por limites e pela impossibilidade de revisitar momentos passados.

c) Incorreta. Não há uma reflexão sobre as limitações da linguagem, já que o texto trata das angústias ligadas à existência humana.

d) Correta. O texto aborda questões fundamentais da filosofia existencialista, explorando a angústia inerente à condição humana, o peso das escolhas que fazemos e a reflexão sobre a possibilidade de que a vida poderia ter tomado rumos diferentes.

e) Incorreta. O texto não aborda a temática do conhecimento enquanto algo objetivo.