No primeiro dia foi colocada uma panela de barro no centro do barracão, a qual representava o espírito do morto presente na sala. Aqueles que dançavam depositavam moedas ao passarem junto dela e, ao seu redor, milho branco, mel, água, acaçás, cachaça. No segundo dia, os ogãs, antes de iniciar a cerimônia, caminharam pelo corredor formado pelas casas, batendo com longas varas de bambus nos seus beirais, até alcançarem o portão de entrada. No terceiro dia, quatro pessoas, as mais influentes do culto, carregaram um lençol, que aparentemente continha um corpo em seu interior. No entanto, esse corpo era formado por folhas verdes de plantas, que foram derramadas sobre uma pessoa.
MANZOCHI, H. M. Axexé, um rito de passagem. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, n.5, 1995 (adaptado).
O ritual brasileiro apresentado no texto representa, para seus adeptos, a
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manutenção de uma memória coletiva. |
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contestação de uma identidade étnica. |
c) |
imolação de uma divindade africana. |
d) |
legitimação de uma prática pagã. |
e) |
promissão de uma revolta social. |
a) Correta. O texto descreve um ritual fúnebre e ele está ligado a memória da pessoa morta para a comunidade. Ao partilharem as etapas da cerimônia, reverencia-se a memória do indivíduo morto e, ao mesmo tempo, reforçam-se os vínculos comunitários.
b) Incorreta. Trata-se de um ritual fúnebre e não há qualquer menção, ao analisarmos as etapas do ritual, a questões étnicas.
c) Incorreto. Não há nos rituais descritos pelo texto qualquer menção a invocação de divindades africanas.
d) Incorreta. O paganismo é um conceito criado pelos europeus para afirmarem que apenas as crenças cristãs são as corretas. Ao utilizá-lo, estamos corroborando com essa crença e o texto apenas descreve um ritual fúnebre e não procura a legitimação de tais práticas pelos cristãos.
e) Incorreta. O texto descreve um ritual fúnebre e não guarda qualquer relação com revoltas sociais.