Uma fábrica na qual os operários fossem, efetiva e integralmente, simples peças de máquinas executando cegamente as ordens da direção pararia em quinze minutos. O capitalismo só pode funcionar com a contribuição constante da atividade propriamente humana de seus subjugados que, ao mesmo tempo, tenta reduzir e desumanizar o mais possível.
CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
O texto apresenta uma contradição interna do capitalismo caracterizada pela
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obsolescência associada ao uso da tecnologia |
b) |
orientação voltada à administração de conflitos. |
c) |
alienação decorrente da organização do trabalho. |
d) |
isonomia remanescente da geração de riquezas. |
e) |
produtividade vinculada ao fortalecimento da autonomia. |
O texto sugere que no sistema capitalista, a eficiência das fábricas depende da atividade humana e da criatividade dos trabalhadores. Se os trabalhadores agissem como máquinas, apenas cumprindo ordens de forma mecânica, o sistema não se sustentaria. Entretanto, o autor afirma que o capitalismo tenta, a todo custo, reduzir os trabalhadores a tal condição automatizada e desumana. O tema do texto se relaciona à crítica difundida pela teoria marxista, que trata da alienação dos trabalhadores, submetidos a um sistema que os torna alheios aos meios de produção, ao conhecimento do processo produtivo e do produto final do trabalho.
a) Incorreta. O texto não aborda o fato de que os produtos tendem a se tornar obsoletos em razão do uso da tecnologia.
b) Incorreta. O texto não trata da administração de conflitos no ambiente fabril.
c) Correta. A contradição interna do capitalismo apontada no texto é justamente o fato de que o sistema tende a alienar os trabalhadores, ainda que dependa de suas capacidades para que possa prosperar.
d) Incorreta. O texto não sugere que a geração de riquezas tenha causado uma situação de isonomia, isto é, de acesso a uma condição de igualdade de direitos e oportunidades entre os indivíduos.
e) Incorreta. O texto indica que a contribuição dos trabalhadores é fundamental para que o sistema fabril funcione de forma eficiente, mas também pontua que uma das tendências do capital é retirar a autonomia do indivíduo, e não fortalecê-la.