As capas dos folhetos de cordel, já então ilustradas por postais fotográficos, desenhos ou fotogramas de filmes, demoravam mais de uma semana para serem transformadas em clichês em Recife ou Fortaleza, o que levou a que santeiros e artesãos locais fossem requisitados para cortar na umburana - madeira preferida para o taco xilográfico pela facilidade do talhe e abundância - princesas, dragões, cangaceiros.
CARVALHO, G. Xilogravura: os percursos da criação popular. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 39, 1986 (adaptado).
No início do século XX, a incorporação da técnica de produção descrita no texto promoveu uma renovação da
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manifestação jornalística. |
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narrativa literária. |
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indústria regional. |
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estética editorial. |
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cultural erudita. |
a) Incorreta. Os folhetos de cordel não representam manifestações jornalísticas (que representariam fatos), mas sim artísticas da cultura local.
b) Incorreta. As narrativas literárias não foram renovadas, pois continuaram a trazer temas trabalhados antes da incorporação da técnica descrita no excerto apresentado.
c) Incorreta. Embora a produção descrita tenha sido alterada por uso de uma técnica nova, tal dimensão se restringe à renovação da produção artística em questão e não da indústria regional nordestina.
d) Correta. A xilogravura é uma técnica de entalhamento da madeira, em que o artista pinta as partes em relevo e, por fim, pressiona a madeira em papel ou tela. Trata-se de uma reprodução singular e relativamente rudimentar de imagens e textos, que pode ser interpretada como um tipo específico de impressão. Nesse contexto, ela é também uma expressão artística de caráter editorial fortemente ligada às raízes culturais do Sertão nordestino e um elemento de renovação da estética dos folhetos de cordel mencionados no enunciado.
e) Incorreta. A cultura erudita se relaciona a interpretações e expressões acadêmicas ou vinculadas a elites restritas, algo que não condiz com a expressão popular (folhetos de cordel) retratada no excerto.