Empresas de plataforma digital que atuam com locação de curto prazo de imóveis estão remodelando os espaços urbanos. Pode-se considerar que essas grandes empresas desempenham agora um papel fundamental no controle de determinadas cidades, delineando-se a partir daí uma espécie de urbanismo de plataforma.
(Adaptado de GRAHAM, M. Regulate, replicate and resist – the conjunctural geographies of platform urbanism. Urban Geography, 41(3), p. 453-457, 2020.)
a) Indique quatro fatores relacionados ao mercado de locação de imóveis de curta duração, fatores estes que impactam a vida nas cidades, especialmente nos grandes centros turísticos do mundo.
b) Apresente ao menos duas características das empresas de plataforma digital que atuam com locação de curto prazo em am bientes urbanos. Por que essas empresas estariam impulsionando processos de gentrificação, deixando-os fora de controle?
a) Pode-se destacar os seguintes fatores relacionados ao mercado de aluguéis de curta duração.
Aumento do custo de moradia local: A demanda turística eleva os preços dos imóveis e dos aluguéis, dificultando o acesso à habitação para moradores locais, que acabam deslocados para áreas periféricas.
Descaracterização dos bairros: A conversão de residências em hospedagens temporárias pode alterar a dinâmica social e cultural dos bairros, esvaziando o sentido de comunidade e transformando-os em áreas voltadas exclusivamente para o turismo.
Sobrecarga da infraestrutura urbana: Serviços públicos, como coleta de lixo, transporte e segurança, são pressionados pelo aumento temporário da população flutuante, gerando desafios para a gestão e o planejamento da área urbana.
Aumento do deficit habitacional: Ao utilizar o imóvel como fonte de renda para locações curtas, o proprietário, atraído por este mercado imobiliário, inviabiliza o uso deste imóvel para a moradia, o que tende a contribuir para o número de famílias sem acesso a um domicílio.
b) Duas características das empresas de plataforma digital que atuam com locação de curto prazo:
Intermediação tecnológica global: Essas empresas conectam proprietários e hóspedes por meio de plataformas digitais, utilizando algoritmos que maximizam a ocupação e os lucros, muitas vezes sem controle direto sobre os imóveis e sem presença física nas regiões onde oferecem o serviço.
Modelo de negócios baseado em comissões: As plataformas ganham principalmente por meio de taxas e comissões cobradas tanto dos anfitriões quanto dos hóspedes. Esse modelo permite que as empresas ampliem rapidamente sua receita sem a necessidade de possuir os imóveis, operando como intermediárias que maximizam a ocupação e as transações.
Gentrificação é o processo em que bairros antes acessíveis para classes populares passam por valorização devido à chegada de novos empreendimentos e moradores de maior renda. Isso eleva os preços de imóveis e serviços, resultando na expulsão gradual dos moradores originais e na transformação do perfil social e cultural da área. Esse processo resulta na valorização dos imóveis, o que é interesse inicial das empresas imobiliárias que atuam na região.
Essas empresas impulsionam a gentrificação ao tornarem bairros antes ocupados por moradores de diferentes classes sociais em áreas desejadas por turistas e investidores, o que eleva os preços dos imóveis e o custo de vida, expulsando moradores de baixa renda. A lucratividade da locação de curto prazo incentiva proprietários a transformar residências em acomodações temporárias, reduzindo a oferta de moradias permanentes e gerando um ciclo de exclusão e segregação.