A exposição do ser humano à radioatividade é possível desde que feita de forma segura e em ambiente controlado. Os radiofármacos, que são medicamentos radioativos, são utilizados, em medicina, tanto no diagnóstico quanto no tratamento de doenças. Atualmente, o é um dos principais radionuclídeos utilizados, sob a forma do fármaco 2−desoxi−2−() fluoro−D− glicose (-FDG), em exames de diagnóstico de doenças no cérebro, como tumores. Uma vez aplicado, esse radiofármaco entra na célula e, com isso, torna lesões, como tumores, mais visíveis ao exame de tomografia por emissão de pósitrons (partículas ), gerando o núcleo estável . Nesse processo de decaimento, o tempo de meia-vida do é de aproximadamente 110 minutos.
a) A instrução para a realização desse exame informa que o paciente deve permanecer 1 hora em repouso depois da administração intravenosa do material radioativo -FDG. Imediatamente após o período de repouso, o exame é realizado e finalizado em 30 minutos. Ao final do exame, o paciente é liberado sem restrições dietéticas ou de radioproteção. Considerando as informações dadas até então, construa, no espaço quadriculado em a) no campo de respostas, a curva de decaimento do radiofármaco. Determine a porcentagem restante de radiofármaco, em relação à quantidade inicial de 100%, 4 horas depois de o paciente ter finalizado o exame.
b) Considerando o que está no texto principal e nas informações do item a), faz-se a seguinte afirmação: um radiofármaco para diagnóstico por imagem deve emitir uma radiação “incapaz de atravessar o corpo humano e, ao contrário de um radiofármaco terapêutico (para tratamento), deve promover o mínimo possível de interações lesivas aos tecidos vivos”. Assinale, no campo de resposta, se você concorda totalmente, se concorda parcialmente ou se discorda totalmente dessa afirmação. Justifique sua escolha.
a) O tempo de meia-vida de um radionuclídeo representa o intervalo necessário para que 50% da matéria radioativa sofra decaimento. Sendo o tempo de meia-vida do 18F igual a 110 min, para facilitar a construção do gráfico, podemos marcar no eixo horizontal (abcissas) os múltiplos de 110 min. No eixo vertical (ordenadas), o tempo inicial corresponde a 100%, diminuindo pela metade a cada meia-vida decorrida. Tomaremos os seguintes pontos como referência:
Tempo (min) | Porcentagem |
0 | 100% |
110 | 50% |
220 | 25% |
330 | 12,5% |
440 | 6,25% |
550 | 3,125% |
A imagem a seguir apresenta as marcações e indicações dos eixos bem como a curva de tendência sobre o gráfico fornecido no campo de respostas.
A porcentagem restante do radioisótopo deve levar em consideração o tempo total decorrido após sua ingestão, o qual é composto por:
Portanto, o tempo total foi de 5h30 min, equivalente a 330 min. Determinando o número de meias-vidas:
Sendo assim, temos:
A quantidade restante do radioisótopo após 4h após o exame será de 12,5%.
b) Deve-se concordar parcialmente.
O radiofármaco terapêutico tem como objetivo emitir quantidade de radiação alta suficiente para lesionar os tecidos vivos a fim de matar as células alvo (tumores). Em geral, apresenta tempo de meia-vida mais longo para assegurar que a radiação atinja o tecido alvo de forma prolongada visando maior eficácia no tratamento. Um exemplo de radioisótopo terapêutico muito conhecido é o 131I, o qual é usado no tratamento contra câncer de tireóide. Em contrapartida, o radioisótopo para diagnóstico por imagem tem como objetivo emitir radiação que possa ser detectada pelo equipamento com a finalidade de visualizar os tecidos vivos para identificação de doenças, portanto, não deve lesionar estes.
Para que os tecidos sejam visualizados no exame de diagnóstico por imagem a partir de emissão de pósitrons, o radionuclídeo aderido às células cancerígenas sofre decaimento emitindo pósitrons (β+), os quais devem atravessar o corpo humano para serem detectados pelo equipamento. A detecção pelo aparelho permite a formação da imagem eletrônica para diagnóstico do tecido e, assim, de doenças associadas a ele.
Sendo assim, a afirmação é válida ao dizer "deve promover o mínimo possível de interações lesivas aos tecidos vivos", contudo, é inválido ao dizer que a radiação é "incapaz de atravessar o corpo humano".
Obs: Na realidade, a técnica diagnóstica de tomografia por emissão de pósitrons detecta a radiação gama oriunda do processo. Os pósitrons emitidos encontram elétrons causando aniquilação e emitindo raios gama, os quais são identificados pelo detector do equipamento. Apesar da detecção ser realizada a partir da radiação gama, isso não altera o fato de que os pósitrons precisam atravessar a matéria para colidir com elétrons.