Para além das guerras Rússia-Ucrânia e Israel-Palestina, estão em curso, em quase todos os continentes, conflitos que retratam mutações geopolíticas aceleradas. Há um movimento de redefinição de fronteiras até então reconhecidas pela comunidade internacional e, de certo modo, protegidas por um complexo arcabouço normativo. Na América Latina, por exemplo, a Venezuela reivindica da Guiana a região de Essequibo, cujo limite fronteiriço foi definido há 125 anos.
(Adaptado de https://www.courrierinternational.com/article/analyse-depuis-les-guerres--en-ukraine-et-a-gaza-les-frontieres-ne-sont-plus-intangibles. Acesso em 06/06/2024)
Tendo em vista seus conhecimentos e considerando o texto anterior, é correto dizer que a fronteira entre países é essencialmente
a) |
geométrica: trata-se de uma linha demarcada por formas geográficas tais como muros, cercas ou vias de circulação. |
b) |
política: trata-se de uma zona definida por meio de disputas e acordos internacionais pelo direito de uso de um determinado território. |
c) |
natural: trata-se de uma linha demarcada por meio de marcos geográficos tais como rios, mares, lagos, geleiras e montanhas. |
d) |
técnica: trata-se de uma zona definida por tratados e convenções locais que protegem a soberania do Estado-nação. |
Toda e qualquer fronteira entre países é uma construção política, definida por disputas e acordos internacionais que estabelecem o direito de uso de um território. Embora sofram influência das barreiras geográficas, que exercem papel estratégico em situações de conflito (é mais difícil atacar e anexar um território que esteja protegido por uma barreira geográfica, como um rio ou região montanhosa, do que territórios com livre acesso), as fronteiras são sempre negociadas ou violentamente definidas. O caso da Venezuela reivindicando a região de Essequibo da Guiana ilustra como fronteiras podem ser contestadas, mesmo após longos períodos de reconhecimento. Isso reflete a natureza dinâmica das fronteiras, que vão além de meras delimitações geográficas. Assim, as fronteiras não são apenas linhas geométricas, ou geográficas, mas também áreas carregadas de significados políticos e sociais que cada povo determina segundo um processo histórico-político. Neste sentido:
a) Incorreta. A alternativa "geométrica" está errada porque define fronteiras como linhas demarcadas apenas por formas físicas, como muros e cercas. Essa definição ignora o aspecto político e social das fronteiras, que são, na verdade, construções resultantes de acordos e disputas entre nações. As fronteiras não se limitam a delimitações físicas ou geográficas; elas envolvem aspectos complexos de soberania, identidade nacional e relações internacionais, delimitações políticas portanto, refletindo um contexto mais amplo do que uma simples demarcação geográfica.
b) Correta. A alternativa "política" está correta porque define fronteiras como zonas estabelecidas através de disputas e acordos internacionais, o que reflete a realidade das relações entre Estados. As fronteiras não são apenas linhas no mapa; elas são resultado de negociações, tratados e conflitos que envolvem direitos de soberania e controle sobre o território. O exemplo da Venezuela reivindicando a região de Essequibo da Guiana ilustra essa dinâmica, mostrando que as fronteiras podem ser contestadas e redefinidas ao longo do tempo.
c) Incorreta. A opção "natural" está errada porque, embora fronteiras possam ser influenciadas por características geográficas, elas são predominantemente construções sociais e políticas, sujeitas a disputas e acordos, e não apenas demarcadas por marcos físicos.
d) Incorreta. O termo "técnica" está incorreto porque, embora os tratados e convenções desempenhem um papel na definição de fronteiras, a noção de "técnica" não captura a complexidade e a natureza política das fronteiras, que são moldadas por disputas, negociações e relações internacionais, indo além de meros acordos técnicos