Leia os versos da canção “Silêncio de um cipreste” – composição de Cartola e Carlos Cachaça.
Todo mundo tem o direito
De viver cantando.
O meu único defeito
É viver pensando
Em que não realizei
E é difícil realizar.
Se eu pudesse dar um jeito
Mudaria o meu pensar.
O pensamento é uma folha desprendida
Do galho de nossas vidas
Que o vento leva e conduz,
É uma luz vacilante e cega,
É o silêncio do cipreste
Escoltado pela cruz.
Nesta canção, é possível afirmar que o eu-lírico
a) |
acredita que, assim como todas as pessoas, tem o direito de viver cantando, embora isso seja algo difícil de ser realizado. A principal imagem poética utilizada é a da alegria do canto, o qual é capaz de mudar a vida. |
b) |
gostaria de mudar o seu pensamento, aproximando-o da realidade de sua vida, da qual ele se desprendeu. A principal imagem poética utilizada é a do sonho e do devaneio, dissociados da vida real. |
c) |
gostaria de mudar o seu pensamento, porque este é marcado pela tristeza e melancolia. A principal imagem poética utilizada é a da morte, presente nas figuras do cipreste e da cruz |
d) |
acredita que pensar seja um defeito que ele gostaria de corrigir, mas não consegue. A principal imagem poética utilizada é a do vento, o qual carrega o eu-lírico independentemente de sua vontade. |
a) Incorreta. O eu-lírico não afirma, na canção, que cantar seja algo difícil de ser realizado. Além disso, as imagens poéticas construídas não remetem à alegria e à capacidade de mudança, mas a um estado de tristeza e melancolia, em que o eu-lírico se sente preso às frustrações de seu passado.
b) Incorreta. Não se pode afirmar que o eu-lírico afastou seu pensamento da realidade de sua vida. O que o incomoda é ter seus pensamentos fixados naquilo que não conseguiu fazer e que acredita ser difícil de realizar. Da mesma forma, as imagens poéticas não estão dissociadas da vida real, mas reforçam a frustração e incapacidade perante a realidade; portanto, não estão ligadas a sonhos ou devaneios.
c) Correta. O desejo de mudar seus pensamentos está ligado ao fato de que o eu-lírico pensa constantemente em suas decepções, naquilo que não conseguiu fazer e que julga difícil de ser feito. Como resultado, encontra-se em um estado de tristeza e melancolia. Nesse sentido, a imagem poética da morte, simbolizada no cipreste (árvore muito usada em cemitérios, ligada ao luto e contextos fúnebres) e na cruz (também frequente em cemitérios), reforça o estado de espírito do eu-lírico e, simbolicamente, pode representar a “morte” dos sonhos, da esperança.
d) Incorreta. A presença do vento na canção, além de não ser a principal imagem poética explorada, age carregando o pensamento, que se desprende “do galho de nossas vidas”. O vento, portanto, não carrega o eu-lírico, apenas aquilo que ele pensa.