Enquanto as autoridades de saúde estavam focadas na nova covid-19, os EUA experimentavam a maior disseminação “na história” de outra doença: a dengue. Segundo um relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2019, 3 139 335 casos da doença foram registrados, causando 1 538 mortes.
(https://noticias.uol.com.br. Adaptado.)
a) Qual é o grupo de micro-organismos de que faz parte o causador da covid-19 e da dengue? Por que esse grupo é considerado parasita intracelular obrigatório?
b) Há algum tempo era impensada a propagação da dengue no hemisfério norte. Explique, do ponto de vista da transmissão, como pode ter ocorrido a propagação da dengue num país como os EUA.
a) A dengue e a covid-19 são causadas por vírus, micro-organismos muito simples, de organização molecular, formados pela combinação de material genético a um envolto proteico, o capsídeo, podendo ou não apresentar um envoltório adicional, o envelope, composto por proteínas, glicoproteínas, fosfolipídeos e outras moléculas. Embora não sejam considerados organismos vivos verdadeiros por parte da comunidade científica, possuem material genético e são capazes de reprodução, porém, por não possuírem organização celular, precisam, obrigatoriamente, adentrar as células vivas, procariontes ou eucariontes, para que consigam se multiplicar. Ao infectar uma célula, o material genético viral se expressa e interrompe o metabolismo celular normal, fazendo com que a célula hospedeira passe a multiplicar o material genético viral e passe a produzir as moléculas virais, os quais, após a montagem, originam centenas ou milhares de novos vírus.
b) O vírus da dengue pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus e é transmitido entre os seres humanos principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti. Dessa forma, os locais de disseminação da doença estão relacionados às áreas de ocorrência do mosquito, o qual possui comportamento urbano e depende de ambientes quentes e úmidos, com disponibilidade de água parada, para que possa se reproduzir e completar seu ciclo de vida. As mudanças climáticas, que vêm se intensificando nas últimas décadas, têm alterado regimes de chuvas e aumentado a temperatura média de diversas regiões do globo. Dessa forma, surtos têm sido relatados em algumas regiões do Estados Unidos e Europa, confirmando a previsão de especialistas em epidemiologia. Em tais regiões, altamente urbanizadas, as alterações do clima possibilitaram a colonização do mosquito, que, por ser uma espécie de ciclo de vida rápido e com grande capacidade reprodutiva, conseguiu se adaptar rapidamente às particularidades dessas regiões. Aliado a isso, a inexistência de vacinação em massa da população, somada ao desconhecimento de práticas como a evitação de água parada em calhas, pneus, latas e outros, resultou nos surtos observados nessas novas regiões de ocorrência do mosquito, entre elas a região sul dos EUA.