A microbiota intestinal humana é feita de trilhões de microrganismos que exercem inúmeras funções no corpo humano. A já comprovada correlação entre a microbiota intestinal e o cérebro indica que o desequilíbrio intestinal pode desencadear distúrbios neurológicos, de humor e do sono. O cérebro interage com a microbiota intestinal de formas direta e indireta por diversas vias. A disbiose intestinal — desequilíbrio da microbiota intestinal — tem sido associada a várias alterações, como distúrbios neurológicos envolvendo a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e desequilíbrios na liberação de neurotransmissores, entre outras.
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a) Cite a interação ecológica responsável pela troca de benefícios entre a microbiota intestinal e o corpo humano. Cite um benefício nutricional que a microbiota intestinal traz para o ser humano.
b) O hormônio cortisol (principal glicocorticoide) é responsável pelo aumento da glicemia em situação de estresse, cujo efeito pode ser potencializado pela disbiose intestinal. Cite a glândula produtora de cortisol. Como esse hormônio eleva a glicemia em situação de estresse?
a) Interações ecológicas podem ocorrer quando dois organismos interagem no ambiente, podendo ser harmônica ou desarmônica, e ainda intraespecífica ou interespecífica. No caso citado no enunciado, a interação entre a microbiota intestinal (composta por espécies de bactérias) e a espécie humana é uma interação harmônica interespecífica conhecida como mutualismo, relação que alguns autores classificam como mutualismo obrigatório.
É possível encontrar uma microbiota (ou flora bacteriana) ao longo de todo o sistema digestório, porém, é na região do intestino grosso que ela se encontra mais desenvolvida. As regiões do ceco e cólon apresentam um microambiente propício para o crescimento de uma ampla microbiota, a qual oferece diversos “serviços” benéficos ao ser humano, com destaque à proteção contra patógenos e auxílio na manutenção da integridade do epitélio intestinal.
Além da proteção, essas bactérias também desempenham um benefício nutricional, pois são capazes de produzir vitaminas, que são absorvidas no intestino grosso e auxiliam em processos vitais. Um exemplo é a vitamina B9, essencial para a maturação do sistema nervoso do embrião humano durante a gestação, além de atuar na síntese de hemácias. Outro exemplo, que também poderia ser citado pelo candidato, é a vitamina K, essencial para a produção de fatores de coagulação.
b) O hormônio cortisol é liberado pelo córtex das adrenais (ou suprarrenais), duas glândulas localizadas acima de cada um dos rins, em resposta às situações desafiadoras do dia a dia. O hormônio tem como função principal a preparação do organismo para lidar com situações de estresse e o ajuste fisiológico proporcionado pela sua ação promove a disponibilização de energia (a partir da glicose) para o coração e cérebro, órgãos fundamentais para o funcionamento de todo o organismo e na regulação dos comportamentos relacionados com o enfrentamento às situações adversas da vida. O cortisol exibe efeitos múltiplos nos sistemas do organismo, com destaque para sua ação no fígado em estimular a quebra do glicogênio armazenado nos hepatócitos, a glicogenólise, resultando na formação de inúmeras moléculas de glicose, seguida da liberação dessas moléculas no sangue, elevando, assim, a glicemia. Na falta de glicogênio hepático o cortisol também atua estimulando a neoglicogênese, processo metabólico que produz glicose a partir de compostos não glicídicos, como aminoácidos, colaborando por mais de uma via com a elevação da glicemia.