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Questão 2 Unicamp 2024 - 2ª fase - dia 2

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Questão 2

Gênero (Sociologia)

Texto 1

Em Sevilha, no século XVI, havia um conceito de ordem social calcada nas relações entre os sexos masculino e feminino que eram, ao mesmo tempo, paralelas e assimétricas. Um provérbio comum (“Nem espada quebrada, nem mulher errante”) enfatizava tais relações na justaposição de dois símbolos de desordem: a espada quebrada – simbolizando homens desonrados – e as mulheres errantes – representando a vergonha feminina. A ordem social derivava justamente dessa justaposição que dependia, em primeiro lugar, da honra masculina que, por sua vez, dependia do controle imposto sobre a mulher.

(Adaptado de: PERRY, M. E. Gender and Disorder in Early Modern Seville. Princeton: Princeton University Press, p. 19, 1990.)

Texto 2

(MOÉS, G. Da reconfiguração dos papéis da mulher e da maternidade em narrativas gráficas presentes em Mafalda: feminino singular, de Quino. Sociopoética. jul.-dez./2021, n. 23, v. 2. p. 78.)


O texto 1 e o texto 2 analisam a interdependência dos papéis tradicionais de gênero: o primeiro, na Espanha do século XVI; o segundo, na Argentina dos anos 1960.

a) Identifique pelo menos dois símbolos de controle social presentes nos textos. Explique como eles se relacionam com os ideais de masculinidade e feminilidade de cada período.

b) Segundo os textos 1 e 2, qual é a relação entre os papéis de gênero e os espaços público e privado na Espanha do século XVI e na Argentina dos anos 1960? Justifique.



Resolução

a) No texto 1, o ditado do século 16 em Sevilha: “nem espada quebrada, nem mulher errante”, simboliza o ideal de uma sociedade em que a honra masculina se concretizava justamente na sua virilidade e força, retratadas pela figura da “espada”, conjugada pelo controle da mulher, que devia se submeter aos interesses masculinos, simbolizada na frase em questão pelo desejo de evitar a existência de uma “mulher errante”, ou seja, aquela que faz o que deseja sem consultar um homem. Assim, o fato de o homem conseguir impor tais situações, lhe proporcionava o prestígio social. Já no texto 2, em pleno século 20, a sociedade, simbolizada pelo marido, cuja função seria ser o provedor da família, vai convencer a mulher que seu papel social fundamental seria interromper os estudos e ficar em casa para cuidar dos filhos.

b) Segundo os textos, os papéis de gênero e espaço social onde atuam seriam bem definidos. Tanto no século 16, quanto no 20, o gênero masculino atuaria no espaço público, seja numa guerra ou no trabalho, cabendo ao gênero feminino, atuar no campo doméstico ou privado, se submetendo aos interesses masculinos e cuidando da administração da família, embora nos anos 1960, já seja possível detectar uma crítica a tal processo por meio da interpretação da tirinha de Mafalda.