Para responder às questões 07 e 08, leia a letra da canção “Foi um rio que passou em minha vida”, de Paulinho da Viola, gravada em 1970.
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só um amor pode apagar
Porém
Há um caso diferente
Que marcou um breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
Eu carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me lembro anunciou
Portela1, Portela
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ah, minha Portela
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria a voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou leva
(www.paulinhodaviola.com.br)
1 Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela (ou simplesmente Portela): escola de samba brasileira da cidade do Rio de Janeiro que adota como símbolo a águia e as cores azul e branco.
Na canção, o eu lírico
a) |
tem consciência de que a Portela também se caracteriza como um novo desengano. |
b) |
acredita que um novo amor, por se assemelhar a um rio, mostra-se volúvel. |
c) |
acredita que um novo amor seja capaz de apagar uma antiga desilusão amorosa. |
d) |
tem consciência de que a Portela, por sua inconstância, será um novo amor efêmero. |
e) |
acredita que a Portela, por ser indefinível, não se caracteriza como um novo amor. |
a) Incorreta. Nos trechos “Quando alguém que não me lembro anunciou/ Portela, Portela/ O samba trazendo alvorada/ Meu coração conquistou” e “Foi um rio que passou em minha vida/ E meu coração se deixou levar” (este que finaliza o texto), é possível enxergar como o eu lírico se entrega ao novo amor. Não há traços de suspeita de que este amor seja um engano.
b) Incorreta. A metáfora do rio, no texto, tem a função de desenhar o modo como o eu lírico se entrega ao novo amor. Não é abordada a interpretação relacionada à efemeridade de algo que é líquido, mas, sim, à fluidez com que um rio direciona quem nele navega, como a Portela faz com o eu lírico, afastando-o de sua dor. Portanto, ele não enxerga na Portela um amor passageiro.
c) Correta. O eu lírico, entregando-se ao novo amor, como em “Foi um rio que passou em minha vida/ E meu coração se deixou levar”, deixa-se levar por esse amor salvador. A metáfora do rio sinaliza o passar do tempo, sinaliza o passar da dor, que agora seu coração se permite viver. Suas antigas desilusões amorosas, depois da chegada da Portela, deixarão enfim de existir.
d) Incorreta. Não há indícios de que a Portela seja efêmera. Pelo contrário, ela é apresentada como a salvadora do eu lírico, a quem ele se entrega.
e) Incorreta. A impossibilidade de definição da cor que compõe o símbolo da escola de samba advém de um “corpo tomado”, de um “coração apressado”. O amor que agora rege o corpo do eu lírico é tanto que não lhe é possível nem mesmo definir o objeto amado.