Não reconhecendo nós outra soberania mais de que a soberania do povo, para ela apelamos. […]
Neste país, que se presume constitucional, e onde só deveriam ter ação poderes delegados, […] só há um poder ativo, […] poder sagrado inviolável e irresponsável.
O privilégio, em todas as suas relações com a sociedade — tal é, em síntese, a fórmula social e política do nosso país —, privilégio de religião, privilégio de raça, privilégio de sabedoria, privilégio de posição, isto é, todas as distinções arbitrárias e odiosas que criam no seio da sociedade civil e política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de alguns sobre muitos. […]
A autonomia das províncias é, pois, para nós mais do que um interesse imposto pela solidariedade dos direitos e das relações provinciais, é um princípio cardeal e solene que inscrevemos na nossa bandeira.
(“Manifesto Republicano de 1870”. In: Américo Brasiliense. Os programas dos partidos e o 2° Império, 1878.)
O trecho transcrito permite caracterizar o Manifesto Republicano como
a) |
racista e liberal. |
b) |
federalista e socialista. |
c) |
socialista e unitarista. |
d) |
unitarista e racista. |
e) |
democrata e federalista. |
a) Incorreta. O trecho do “Manifesto Republicano” (1870) não pode ser considerado racista e liberal, pois critica uma série de privilégios, inclusive os de raça.
b) Incorreta. Embora o texto possa ser considerado federalista, pois defende a autonomia das províncias, não há nele traços que o caracterize como socialista, pois daí teria que fazer toda uma crítica econômica a distribuição da riqueza dentro do sistema imperial, fato que o texto não aborda.
c) Incorreta. O excerto não é socialista e também não pode ser considerado unitarista, uma vez que critica o Estado imperial no Brasil, que era justamente configurado desse maneira, com o poder concentrado na corte. Ao contrário, o manifesto está defendendo a adoção do federalismo.
d) Incorreta. Pelas questões já aqui comentadas, o excerto não pode ser considerado unitarista, uma vez que é federalista, muito menos racista, pois critica os privilégios de raça.
e) Correta. Pelo fato de criticar os diversos privilégios existentes no Brasil Império (1822-1889), o texto se aproxima de princípios democráticos, especialmente os liberais. Ao mesmo tempo, ao defender a autonomia das províncias, poderá ser classificado como federalista. É importante notar que os republicanos, amplamente influenciados pela forma de governo estadunidense, logo que derrubaram o Império, em 15/11/1889, imediatamente transformaram as províncias em Estados, implantando o federalismo.