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Questão 59 Unesp 2024 - 1ª fase

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Questão 59

Sociologia de Marx

A uberização nomeia um novo tipo de gestão e controle da força de trabalho, também compreendida como uma tendência passível de se generalizar no âmbito das relações de trabalho. […] Resultando das formas contemporâneas de eliminação de direitos, transferência de riscos e custos para os trabalhadores e novos arranjos produtivos, ela em alguma medida sintetiza processos em curso há décadas, ao mesmo tempo em que se apresenta como tendência para o futuro do trabalho. O tema ganha visibilidade com a formação de enormes contingentes de trabalhadores controlados por empresas que operam por meio de plataformas digitais.

(Ludmila Costhek Abílio et al. “Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processos e formas”. Sociologias, 2021.)


O excerto aborda as novas relações trabalhistas mediadas por plataformas digitais. Com tais relações, nos próximos anos o futuro do trabalho será definido pela



a)

autogestão do trabalhador na relação com grandes empresas.

b)

queda na geração de vagas no setor informal.

c)

persistência de mecanismos de exploração.

d)

extinção de postos de serviço no setor primário.

e)

flexibilidade na jornada de trabalho do profissional não autônomo.

Resolução

Discute-se, na questão, "o futuro do trabalho" - essa é a expressão contida no enunciado. Ademais, a abordagem ganhou entornos marxistas, como se depreende pelo texto. Sabendo disso, não fica difícil eleger a alternativa "c" como alternativa correta; vejamos o porquê.

a) Incorreta. As relações de trabalho no mundo do capital não são marcadas pela "autogestão do trabalhador". Às vezes - e esse é o caso da "uberização" - essa máscara reveste algumas relações de trabalho. Tão logo a máscara cai, porém, despe-se a face real do modo de produção capitalista: os não detentores dos meios de produção continuam servindo aos detentores dos meios de produção - como acontece com os motoristas de aplicativo.

b) Incorreta. As previsões dos sociólogos, quanto ao mercado de trabalho informal, é outra: imagina-se que ele irá crescer, e não diminuir, como se supõe no item. Ricardo Antunes, por exemplo, é um dos que fazem esse prognóstico. Professor de Sociologia da Unicamp, há muito fala sobre as explorações dessa nova massa de proletários urbanos do século XXI - massa que inclui os motoristas de aplicativo, objetos de reflexão do texto.

c) Correta. Os mecanismos de exploração permanecerão e, sendo assim mais sutis, aumentarão o fetichismo das relações mercantis. De outro modo: a sutileza da exploração das relações de trabalho no século XXI, através de tecnologias diversas, faz com que o trabalhador tenha ainda mais dificuldade de se perceber como explorado.

d) Incorreta. O setor primário pode até ter diminuição dos seus postos de serviço, mas eles não serão extintos, como sugere o item.

e) Incorreta. A redação do item carece de lógica interna: fala de flexibilização na jornada de trabalho do trabalhador autônomo - um contra senso, na visão sociológica. Repetimos: no máximo, cria-se uma ideia de flexibilização; o cordão umbilical de exploração (a propriedade privada), entretanto, permanece rígido, como sempre.