Logo FUVEST

Questão 3 Fuvest 2024 - 2ª fase - dia 1

Carregar prova completa Compartilhe essa resolução

Questão 3

Estrutura Vocabular - Processos de formação de palavras Gêneros Textuais Verbo

Leia o texto para responder à questão.

“Quando falo de humanidade não estou falando só do Homo sapiens, me refiro a uma imensidão de seres que nós excluímos desde sempre: caçamos baleia, tiramos barbatana de tubarão, matamos leão e o penduramos na parede para mostrar que somos mais bravos que ele. Além da matança de todos os outros humanos que a gente achou que não tinham nada, que estavam aí só para nos suprir com roupa, comida, abrigo. Somos a praga do planeta, uma espécie de ameba gigante. Ao longo da história, os humanos, aliás, esse clube exclusivo da humanidade — que está na declaração universal dos direitos humanos e nos protocolos das instituições —, foram devastando tudo ao seu redor. É como se tivessem elegido uma casta, a humanidade, e todos que estão fora dela são a sub-humanidade. Não são só os caiçaras, quilombolas e povos indígenas, mas toda vida que deliberadamente largamos à margem do caminho. E o caminho é o progresso: essa ideia prospectiva de que estamos indo para algum lugar. Há um horizonte, estamos indo para lá, e vamos largando no percurso tudo que não interessa, o que sobra, a sub-humanidade — alguns de nós fazemos parte dela. É incrível que esse vírus que está aí agora esteja atingindo só as pessoas. Foi uma manobra fantástica do organismo da Terra tirar a teta da nossa boca e dizer: ‘Respirem agora, quero ver’. Isso denuncia o artifício do tipo de vida que nós criamos, porque chega uma hora que você precisa de uma máscara, de um aparelho para respirar, mas, em algum lugar, o aparelho precisa de uma usina hidrelétrica, nuclear ou de um gerador de energia qualquer. E o gerador também pode apagar, independentemente do nosso decreto, da nossa disposição. Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. Não é preciso nenhum sistema bélico complexo para apagar essa tal de humanidade: se extingue com a mesma facilidade que os mosquitos de uma sala depois de aplicado um aerossol. Nós não estamos com nada: essa é a declaração da Terra.”

Ailton Krenak. A vida não é útil. 2020.


a) Identifique o processo de formação das palavras “humanidade” e “sub-humanidade”, bem como o seu sentido no texto.

b) Mantendo a correlação verbal, reescreva, na folha de respostas, o trecho a seguir iniciando por “Estávamos”.

Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre.



Resolução

a) Humanidade é palavra formada por derivação sufixal ou sufixação, acrescentando-se o sufixo nominal -dade ao radical latino -human, além da vogal de ligação -i, por questão eufônica. Sub-humanidade é palavra formada analogamente à humanidade, com o acréscimo do prefixo -sub, portanto, o seu processo de formação é por derivação prefixal e sufixal. 

No texto, a humanidade engloba apenas uma parte dos seres humanos, aqueles privilegiados e pertencentes a uma espécie de casta. Segundo o autor, dentre esses humanos que compõem a humanidade, estão aqueles que matam leões, caçam baleias, tiram barbatana de tubarão e até matam outros humanos que não pertencem à casta. A sub-humanidade refere-se aos humanos excluídos, desprivilegiados, não eleitos para fazer parte da casta da humanidade. São, por exemplo, caiçaras, quilombolas, povos indígenas e todos aqueles humanos que são relegados a segundo plano pela humanidade - a qual, aliás, é caraterizada pelo autor como uma ameba gigante, como a praga do planeta Terra. 

b) O período original tem o verbo estar (estamos) no presente do indicativo, assim como o verbo ser (somos) e o verbo morrer (morre). Depois, o período traz o verbo cortar no futuro do subjuntivo (se cortarem). A questão solicita que o verbo estar seja conjugado no pretérito imperfeito do indicativo (estávamos), de modo que os verbos ser (éramos) e morrer (morria) devam passar para o mesmo tempo e modo verbais. Com isso, o verbo cortar passa para o pretérito imperfeito do subjuntivo (cortassem). Então:

Estávamos sendo lembrados de que éramos tão vulneráveis que, se cortassem nosso ar por alguns minutos, a gente morria