Questão 6 Fuvest 2024 - 2ª fase - dia 1

a) A charge objetiva denunciar e criticar a violência policial. Nela, há a representação de um policial (um homem usando farda, o qual porta um cassetete à cintura e usa botas e capacete de proteção) que atira repetidas vezes em direção a um suposto alvo. Articulando-se elementos verbais e não verbais, é possível depreender que, ao atirar, o profissional ignora o processo garantido legalmente a todo sujeito suspeito de um delito: a acusação por um ato ilegítimo, seguido de um julgamento (o momento no qual o juiz irá determinar se os elementos reunidos até o momento permitem, ou não, que seja proferida a sentença), uma condenação e, por último, a execução da pena (caso a condenação seja positiva, o indivíduo é encaminhado a uma unidade prisional). A cena trazida pela charge ilustra um cenário oposto a esse, violentamente representado pela ação do policial: o agente é o responsável pela acusação, isto é, pela decisão de que um sujeito é culpado por certo delito. Em seguida, ao apontar a arma em sua direção e atirar, ele realiza um julgamento. A bala que é disparada é análoga a uma condenação, uma vez que é definitiva. Por fim, ocorre a execução do suspeito. Na cena, essa ação é representada pela morte: ao ser atingido pela arma letal, há jatos de sangue que colocam fim ao violento ato.

b) A polissemia da palavra “execução” é essencial à construção da crítica tecida pela charge. Na cena representada, ao atirar em um suposto alvo, o policial executa o sujeito, isto é, é autor de um assassinato. Ao efetuar essa ação, o agente de segurança pública desvia de sua função, que deveria ser a de deter o suspeito e encaminhá-lo aos demais órgãos competentes para que as demais etapas de processo ocorram (acusação, julgamento, condenação e execução). Fora da cena, isto é, no procedimento supostamente garantido por lei, a execução diz respeito à fase um processo judicial, a qual atesta se uma pessoa foi condenada a cumprir uma pena em regime fechado ou semiaberto. Em outras palavras, ela traz o que já foi decidido por um juiz, ordenando ou não a prisão de um réu.