Ambientes de restinga apresentam diversas zonas de vegetação no trecho entre a linha da maré mais alta e o interior do continente, criando uma zonação, como esquematizado no perfil de vegetação da figura ao lado. As plantas dessas zonas (A, B, C, D, E) apresentam adaptações ao gradiente de condições ambientais em que se encontram.
Os gráficos a seguir mostram o aumento de biomassa durante um experimento realizado com duas espécies de plantas: o feijão-da-praia, que se encontra na zona A, e o maracujá-da-praia, que ocorre na zona C. Indivíduos dessas duas plantas foram regados com água destilada (H2O) e solução salina nas concentrações de 3% e 10%.
a) Cite uma possível adaptação de uma planta da zona A para sobreviver no solo móvel da duna.
b) Compare a tolerância de cada uma das plantas à salinidade. Justifique a sua resposta com base nos gráficos.
c) Complete o gráfico da folha de respostas demonstrando o padrão da curva de biomassa vegetal total ao longo da zonação representada no perfil de vegetação.
a) As plantas adaptadas a ambientes de duna precisam garantir uma boa estabilidade, uma vez que estão apoiadas em um terreno arenoso e instável, que fica sujeito à movimentações causadas por fatores como o vento e, para as mais costeiras, também ao encharcamento pela água salina. Observa-se nessas espécies, portanto, adaptações que as auxiliam a colonizar esses ambientes, tais como raízes mais profundas, para acessar a água de lençóis freáticos e uma profusa rede de raízes mais superficiais, com inúmeras ramificações, as quais garantem a estabilidade da planta nesse tipo de solo. Além de caules rasteiros (estolão). Também podemos destacar a grande flexibilidade de seus caules e folhas, que se dobram com o vento, absorvendo seus efeitos, ao invés de permanecerem rígidos e transmitirem a força do vento às raízes.
b) Conforme mencionado no enunciado, o experimento submeteu amostras das duas espécies a três situações distintas, com o registro das variações de biomassa ao longo dos dias. Conforme o gráfico, o feijão-da-praia, espécies típicas da zona A, mais próxima ao mar, exibiu aumento de biomassa em duas situações: nas amostras regadas com água destilada e nas regadas com solução salina na concentração de 3%. Já o maracujá-da-praia, oriundo da zona C, mais distante do mar, apresentou aumento significativo de biomassa apenas na amostra regada com água destilada. Esses resultados demonstram que o feijão-da-praia tem uma tolerância maior à salinidade. Nenhuma das plantas foi tolerante à concentração salina de 10%, pois essa rega salinizou excessivamente o solo, tornando impossível a absorção de água por parte das plantas. O que foi observado no experimento está de acordo com o esperado, pois a zona A é mais próxima à água do mar e, portanto, uma ambiente tipicamente com maior concentração salina. A maior tolerância das espécies dessa zona deve-se ao fato delas possuírem glândulas para eliminar o excesso de sal, tanto na forma de solução em algumas como na forma de cristais em outras. Essas adaptações não estão presentes ou estão presentes em menor intensidade nas plantas das zonas mais interiores, tornando-as menos adaptadas a ambientes de maior salinidade.
c) O aumento de biomassa não é tão evidente nas zonas iniciais, mas acentua-se nas espécies da zona D, tendendo a uma estabilização na zona E. Ademais, as amplitudes dessas variações entre as zonas não deve considerar apenas a biomassa visível, mas também a que cresce abaixo do solo para formar raízes. Com isso, temos o seguinte gráfico: