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Questão 3 Fuvest 2024 - 2ª fase - dia 2

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Questão 3

Guerra Fria

“Será verdade que só em seu maior infortúnio vemos outros seres humanos como nós mesmos? Será o infortúnio aquilo que os homens possuem em comum? No caso de Hiroshima, trata-se da catástrofe mais concentrada que já se abateu sobre os homens. Numa passagem de seu diário, o médico japonês dr. Hachiya pensa em Pompeia. Mas nem mesmo esta oferece termo de comparação. Sobre Hiroshima se abateu uma catástrofe que foi planejada e executada com a maior precisão por seres humanos. A ‘natureza’ está fora do jogo.”

Elias Canetti. “O diário do Dr. Hachiya, de Hiroshima”. A consciência das palavras. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 220-221. Adaptado.


a) Qual a diferença entre a catástrofe de Pompeia e a de Hiroshima?

b) Cite dois motivos que justifiquem a afirmação final sobre Hiroshima.

c) Associe a catástrofe de Hiroshima à Guerra Fria.



Resolução

a) A maior diferença entre a catástrofe ocorrida em Pompéia - cidade romana próxima a atual Nápoles, que foi destruída por uma erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79 - com a destruição da cidade japonesa de Hiroshima, ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por uma bomba atômica lançada pelos EUA no dia 6 de agosto de 1945, está justamente no fato de que o lançamento de bombas requer um planejamento humano e uma vontade intencional de provocar o fato. Já o acontecimento em Pompéia, conforme descreveu o autor do texto, foi um desastre natural, ou seja, algo não planejado.

b) A afirmação final sobre a cidade de Hiroshima é “A natureza está fora do jogo”, ou seja, a natureza não possui uma consciência tal qual a humana que irá planejar deliberadamente uma guerra, e com o objetivo de vencê-la lançará mão de toda uma tecnologia desenvolvida pela ciência para obter o triunfo, mesmo que a vitória leve a um desastre de proporções catastróficas que ainda era inédito na história mundial.

c) O lançamento das bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima (6/8/1945) e Nagasaki (9/8/1945) marcaram a posterior rendição do Japão e o final da Segunda Guerra Mundial. Após o término do conflito, duas das nações que protagonizaram a vitória, os Estados Unidos e a União Soviética, passaram a dividir o comando da hegemonia mundial, num período que se chamou de Guerra Fria (1947-1991). A utilização dos armamentos nucleares sobre os japoneses foi, dentre outras questões, uma ameaça indireta aos soviéticos, pois deixava claro que os americanos possuíam um tipo de armamento que poderia destruir a URSS. Nesse sentido, tal fato provocou uma corrida armamentista e logo a seguir, a partir de 1949, os próprios soviéticos já dispunham também de armamentos atômicos. Assim, a própria Guerra Fria pode ser delineada, uma vez que não era possível a nenhuma das duas potências mundiais utilizá-las sobre o inimigo, pois isso poderia causar a destruição de todo o mundo, assim como tinha causado a destruição de Hiroshima.