A respeito dos contos “Nós matamos o Cão Tinhoso!”, “Dina”, “Papá, cobra e eu” e “Nhinguitimo”, de Nós matamos o Cão Tinhoso!, é possível afirmar:
a) |
Os narradores e os protagonistas são crianças. |
b) |
São narrados em primeira pessoa, por narradores-protagonistas. |
c) |
Os protagonistas são oprimidos socialmente, e a reação deles não é endereçada aos opressores. |
d) |
São fábulas, e os protagonistas são animais. |
e) |
O espaço representado é o das grandes cidades moçambicanas. |
a) Incorreta. Nem todos os contos apresentam narradores e protagonistas crianças. O conto “Dina” apresenta um narrador em terceira pessoa e os protagonistas são adultos. Em “Nhinguitimo”, há um narrador personagem adulto que observa à distância os acontecimentos em torno do protagonista Vírgula Oito.
b) Incorreta. Os contos “Nós matamos o cão tinhoso” e “Papá, cobra e eu” são narrados pelo menino Ginho, o protagonista das duas narrativas. “Nhinguitimo” apresenta um narrador em primeira pessoa que desempenha o papel de testemunha dos acontecimentos, não sendo ele o protagonista. “Dina” é narrado em terceira pessoa.
c) Correta. Nos contos citados, os protagonistas são moçambicanos que sofrem a opressão exercida pelo colonizador português, mas não conseguem direcionar sua revolta contra o opressor. Em “Nós matamos o cão tinhoso!”, Ginho presencia essa opressão ao testemunhar o assassinato do Cão Tinhoso, ordenado pelo Administrador português e executado pelos meninos da malta. Ginho não tem forças para se opor aos amigos que acabam trucidando o cão a tiros. Tal fato o faz perceber de que modo a opressão colonial era exercida naquela sociedade. O mesmo narrador reaparece em “Papá, cobra e eu”. Nesse conto, Ginho presencia uma cobra que se escondia na propriedade de seu pai picar o Lobo, cachorro do Sr. Castro, o vizinho português. O cão não resiste e morre. O vizinho se enfurece contra o Sr. Tchembene, pai de Ginho, e exige que ele lhe pague uma indenização. Incapaz de reagir, o pai se submete às determinações do vizinho. Em “Nhinguitimo”, Vírgula Oito, um trabalhador moçambicano tem o sonho de cultivar sua própria machamba (lavoura), mas, denunciado pelo invejoso Rodrigues, tem seus planos frustrados devido à opressão colonial. Visto como um louco, ele é perseguido como uma ameaça à ordem local. O conto “Dina” centra-se no conflito do velho Madala que presencia sua filha Maria ser violentada pelo capataz, seu chefe no trabalho das machambas. Tendo o apoio dos companheiros de trabalho para se vingar do agressor, Madala recusa a vigança e opta por obedecê-lo e voltar ao trabalho.
d) Incorreta. Fábulas podem ser definidas como “pequena composição de forma poética ou prosaica que narra um fato alegórico, cuja verdade moral se esconde sob o véu da ficção e na qual podem intervir as pessoas, os animais irracionais personificados e até coisas inanimadas” (E-Dicionário de termos literários). Os animais desempenham papel importante em algumas narrativas, especialmente no conto “Nós matamos o cão tinhoso!”, mas isso não é o suficiente para caracterizá-las como fábulas. Trata-se de contos que abordam os conflitos vividos pelos cidadãos moçambicanos no período da dominação colonial portuguesa.
e) Incorreta. A referência às machambas (plantações) em várias das narrativas mostra que, em geral, a ambientação dos contos se desenvolve no universo rural ou em cidades pequenas, distantes de grandes centros urbanos.