Questão 111 Enem 2023 - dia 2 - Matemática e Ciências da natureza

O barbatimão (figuras 1 e 2) é uma planta do grupo das angiospermas e da família das leguminosas (Fabaceae), pertencente à espécie Stryphnodendron adstringens. Ela é encontrada em alguns estados do país e é conhecida devido às propriedades medicinais associadas ao trato digestivo, principalmente.

Figuras 1 e 2. Barbatimão adulto e casca de barbatimão, respectivamente. Fonte: https://www.ufmg.br/mhnjb/ceplamt/bancodeamostras/barbatimao/ Acesso em 12 de novembro de 2023.

A prática de extração de uma porção externa da casca para comercialização irá provocar consequências para o sistema vascular deste vegetal. A imagem abaixo revela um corte transversal do caule de uma angiosperma e os tecidos que o forma.

Figura 3. Corte transversal do caule de uma eudicotiledônea. Fonte: BIOLOGIA de Campbell. Coautoria de Lisa A. Urry et al. 12. ed. Porto Alegre, RS: ArtMed, 2022. ISBN 9786558820680. Acesso em 12 de novembro de 2023.

Ao fazer a remoção da casca, serão retiradas as camadas de periderme, que substitui a epiderme em algumas plantas durante o crescimento secundário, e é formada pelo súber, composto por células mortas com paredes celulares impregnadas por suberina, responsável pela impermeabilização, além do felogênio (câmbio da casca), que constitui um meristema secundário, e da feloderme, camada mais interna constituída por células parenquimáticas. Além disso, a remoção da casca provocará a retirada de trechos do floema secundário (conhecido também como líber), tecido condutor constituído por células chamadas de elementos de tubo crivado, sendo responsáveis pelo transporte de seiva elaborada, rica em sacarose (carboidrato), para todo o corpo do vegetal. A sacarose transportada pelo floema será armazenada principalmente nas raízes e no caule, sendo consumida em grandes quantidades também por folhas, flores, sementes e frutos em desenvolvimento, que necessitam de grandes quantidades de nutrientes.

O procedimento de remoção da casca que retira parte do floema da planta é conhecido como anelamento, ou anel de Malpighi. Esse procedimento, quando feito em toda a extensão do tronco, irá provocar a morte da planta, uma vez que o fluxo de seiva elaborada para as raízes será interrompido, levando às células radiculares à morte por falta de nutrientes orgânicos.

a) Incorreta. A fotossíntese é realizada por órgãos vivos clorofilados como as folhas, onde existem cloroplastos dotados de clorofila, moléculas capazes de absorver a energia luminosa. A remoção de trechos da casca não altera a capacidade fotossintética uma vez que as folhas são preservadas.

b) Incorreta. A transpiração é um mecanismo de perda de água na forma gasosa, processo fundamental para a regulação térmica e ascensão de seiva bruta pelo xilema, vaso condutor de localização mais interna (Figura 3), que não sofre danos com a remoção da porção externa da casca. Além disso, a transpiração é realizada essencialmente pelos estômatos, estruturas localizadas na epiderme das folhas, órgãos preservados quando a casca é removida.

c) Incorreta. As trocas gasosas são realizadas pelos estômatos, as mesmas estruturas que realizam a transpiração e estão localizadas nas folhas preservadas.

d) Incorreta. A formação de brotos depende de tecido vivo meristemático localizado em gemas apicais e axilares, as quais são preservadas quando a porção externa da casca é removida.

e) Correta. A nutrição das raízes depende de dois fatores:

- absorção de água e íons inorgânicos a partir do solo.

- chegada de seiva elaborada contendo carboidratos que fornecerão energia e esqueleto carbônico para as células radiculares.

A remoção da porção externa do caule promoverá a interrupção do fluxo de seiva elaborada através do floema. Com isso, a seiva rica em açúcares não conseguirá atingir as células da raiz uma vez que a remoção de um trecho da casca também removerá uma porção do floema, vaso de localização mais externa responsável pela condução de seixa elaborada a partir das folhas, órgãos fotossintetizantes do vegetal.