Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)
a) |
ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
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b) |
pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
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c) |
organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
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d) |
oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
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e) |
estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.
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Simone de Beauvoir é uma das principais autoras em que se ancora o movimento feminista
a) Incorreta. Embora o combate à violência sexual, que incide majoritariamente sobre as mulheres, seja bandeira do movimento feminista, não é possível dizer que a ação do Judiciário para criminaliza-la seja um marco feminista.
b) Incorreta. A dupla jornada de trabalho é de fato um problema vivenciado pelas mulheres, mas o movimento feminista não se caracteriza historicamente pela sua entrada imediata no Legislativo. Ao contrário, até hoje as mulheres se encontram sub-representadas neste poder se levarmos em consideração a parcela que representam da população.
c) Correta. A apropriação do espaço público de manifestação para reivindicar o direito ao voto, ao divórcio, políticas contra violência doméstica e sexual, equidade salarial, acesso a métodos contraceptivos, direito ao aborto e liberdade para vivenciar a própria sexualidade caracteriza o movimento feminista desde seus primórdios, no século XIX, até o presente momento histórico.
d) Incorreta. Tal oposição de grupos religiosos existe e é muito ativa, mas não se relaciona ao movimento feminista. Ao contrário, os mesmo grupos religiosos se opõem também a bandeiras históricas do feminismo, como a luta pelo acesso a métodos contraceptivos, direito ao aborto e liberdade para vivenciar a própria sexualidade.
e) Incorreta. O estabelecimento de políticas governamentais para promover ações que diminuam a desigualdade entre homens e mulheres é um dos objetivos de algumas vertentes do feminismo. No entanto, não é um marco do feminismo, que se caracteriza justamente pela organização da sociedade civil que pressiona o governo, e não pela atuação imediata dentro Estado.
Só num sentido muito restrito, o indivíduo cria com seus próprios recursos o modo de falar e de pensar que lhe são atribuídos. Fala o idioma de seu grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a sua disposição apenas determinadas palavras e significados. Estas não só determinam, em grau considerável, as vias de acesso ao mundo circundante, mas também mostram, ao mesmo tempo sob que ângulo e em que contexto de atividade os objetos foram até agora perceptíveis ao grupo ou ao indivíduo.
MANNHEIM, K. Ideologia e utopia, Porto Alegre: Globo, 1950 (adaptado).
Ilustrando uma proposição básica da sociologia do conhecimento, o argumento de Karl Mannheim defende que o (a)
a) |
conhecimento sobre a realidade é condicionado socialmente.
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b) |
submissão ao grupo manipula o conhecimento do mundo.
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c) |
divergência é um privilégio de indivíduos excepcionais.
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d) |
educação formal determina o conhecimento do idioma.
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e) |
domínio das línguas universaliza o conhecimento.
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a) Correta. O texto explicita a importância do ambiente social para a produção de conhecimento quando afirma que o indivíduo raramente cria discurso e pensamentos por conta própria, mas “fala o idioma de seu grupo, pensa a maneira de seu grupo. Encontra a sua disposição apenas determinadas palavras e significados”. Assim, a visão de mundo e percepção do indivíduo seria formatada pelo instrumental discursivo/racional que tem à disposição, que advém em grande parte do grupo em que está inserido.
b) Incorreta. O texto não fala de uma manipulação do conhecimento pelo grupo no qual se insere o indivíduo, mas de como a própria percepção, linguagem e maneira de ver as coisas do indivíduo são adquiridas no contato com esse grupo. Desta maneira, está implícito que, se ele participa do grupo, ele também está produzindo a linguagem e o instrumental dos outros indivíduos que estão no mesmo grupo, não apenas sendo submetido por eles.
c) Incorreta. O texto não aborda o ato de concordar ou divergir, mas chama atenção para o fato que a própria maneira de compreender as coisas é determinada socialmente, havendo, é claro, espaço para diferentes interpretações a partir deste aparato comum.
d) Incorreta. O texto não aborda o conhecimento do idioma, mas a formação do aparato linguístico, sensorial, racional e perceptivo do indivíduo.
e) Incorreta. Para que estivesse correta, o texto de Mannheim teria que conter a ideia de que o conhecimento de uma pessoa é restringido pelo domínio de um idioma. No entanto, o texto não está falando somente do idioma, ele aborda a importância da linguagem e das categorias de percepção e raciocínio que o indivíduo apreende socialmente na formação da interpretação que ele produz da realidade. Mesmo a aprendizagem de milhares de idiomas não modificaria o fato de que a visão de mundo do indivíduo se encontra estruturada pela linguagem/percepção do grupo no qual se formou, se encontra e do qual participa.
A Unesco condenou a destruição da antiga capital assíria de Nimrod, no Iraque, pelo Estado Islâmico, com a agência da ONU considerando o ato como um crime de guerra. O grupo iniciou um processo de demolição em vários sítios arqueológicos em uma área conhecida como um dos berços da civilização.
Unesco e especialistas condenam destruição de cidade assíria pelo Estado Islâmico.
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 30 mar. 2015 (adaptado).
O tipo de atentado descrito no texto tem como consequência para a população de países como o Iraque a destruição do (a).
a) |
homogeneidade cultural.
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b) |
patrimônio histórico.
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c) |
controle ocidental.
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d) |
unidade étnica.
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e) |
religião oficial.
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a) Incorreta. O Iraque está dividido em pelo menos duas religiões. Uma maioria muçulmana e uma minoria de cristãos, além de outros grupos ainda menores. Além disso, a população é composta, dentre outros, por turcos, assírios, persas e armênios. Assim, não se pode falar em homogeneidade cultural no país.
b) Correta. A notícia se concentra no problema da destruição de patrimônio histórico mundial, dada a antiguidade das construções destruídas nos sítios arqueológicos citados, tidas como reminiscências do berço das civilizações.
c) Incorreta. Não percebemos um controle ocidental na região e, mesmo que existisse, não seria abalado pela destruição de patrimônios históricos que, mesmo que representem o início das civilizações, são orientais.
d) Incorreta. Como citamos na alternativa A, não há unidade étnica na região.
e) Incorreta. Embora o Estado se declare laico, cerca de 97% da população é adepta do islamismo. Mesmo que consideremos tal fato como definidor de uma religião oficial, a destruição do tipo de patrimônio citado no texto não afeta as religiões do país, pois não possuem valor religioso.
A questão ambiental, uma das principais pautas contemporâneas, possibilitou o surgimento de concepções políticas diversas, dentre as quais se destaca a preservação ambiental, que sugere uma ideia de intocabilidade da natureza e impede o seu aproveitamento econômico sob qualquer justificativa.
PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
Considerando as atuais concepções políticas sobre a questão ambiental, a dinâmica caracterizada no texto quanto à proteção do meio ambiente está baseada na
a) |
prática econômica sustentável.
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b) |
contenção de impactos ambientais.
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c) |
utilização progressiva dos recursos naturais.
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d) |
proibição permanente da exploração da natureza.
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e) |
definição de áreas prioritárias para a exploração econômica.
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a) Incorreta. Apesar de ser uma concepção bastante difundida entre agentes públicos e privados, atualmente a sustentabilidade pressupõe, segundo o documento da ONU denominado Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), o uso de recursos naturais que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Tal ideia não condiz com o texto, que fala do impedimento de seu aproveitamento econômico “sob qualquer justificativa”.
b) Incorreta. A contenção de impactos ambientais é uma consequência da atividade antrópica e, portanto, uma medida de tratamento dos danos à natureza e não de preservação ambiental.
c) Incorreta. O aumento da utilização de recursos naturais é contrário à ideia apresentada no texto, visto que intensificaria a degradação de áreas naturais já exploradas e provocaria a expansão da ação antrópica em relação aos remanescentes ainda preservados.
d) Correta. Segundo o texto, o contexto de formulação de políticas ambientais revela a importância da preservação permanente do meio ambiente, fato coerente com a “intocabilidade da natureza” proposta no texto.
e) Incorreta. Atualmente, ocorre a difusão de concepções de planejamento territorial e ambiental relacionadas à definição de áreas de preservação e uso sustentável dos recursos, mesmo quando voltadas à exploração econômica. Exemplo disso é o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), dividido em Unidades de Proteção Integral (UPI) e Unidades de Uso Sustentável (UUS), que têm como principal objetivo a proteção e manutenção dos recursos naturais brasileiros a longo prazo.
Calendário medieval, século XV
Disponível em: www.ac-grenoble.fr. Acesso em: 10 maio 2012.
Os calendários são fontes histórica importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades.
Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representam um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo
a) |
cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno.
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b) |
humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador.
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c) |
escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.
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d) |
natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano.
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e) |
romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.
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a) Incorreta. A concepção cíclica do tempo está associada à cultura grega da Antiguidade Clássica. Essa concepção não pode ser identificada no calendário medieval.
b) Incorreta. A concepção humanista é decorrente da Renascença, sendo uma abordagem que se contrapõe à visão teocêntrica da Idade Média, sobre a qual versa a questão.
c) Incorreta. A concepção escatológica está associada ao conceito de final dos tempos e não condiz com as imagens apresentadas na questão. Apesar da forte influência da religiosidade no período medieval, não é possível identificar na imagem aspectos que remetem estritamente à uma visão religiosa do trabalho.
d) Correta. A alternativa apresenta uma progressão de tempo associada à realidade rural da Europa Ocidental, na passagem do Medievo para a Modernidade. Nesse contexto, o ritmo do trabalho e a medição do tempo eram estabelecidos pelo tempo natural, sendo o dia de trabalho do camponês determinado, por exemplo, pela extensão do dia solar.
e) Incorreta. O Romantismo é característico do final do século XVIII e primeira metade do século XIX. Apresenta uma visão de mundo que se opõe ao Iluminismo e ao Racionalismo, portanto fora do escopo que se propõe a questão.
O processo de concentração urbana no Brasil em determinados locais teve momentos de maior intensidade e, ao que tudo indica, atualmente passa por uma desaceleração no ritmo de crescimento populacional nos grandes centros urbanos.
BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração no crescimento populacional e novos arranjos regionais. Disponível em: www.sbsociologia.com.br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).
Uma causa para o processo socioespacial mencionado no texto é o (a)
a) |
carência de matérias-primas.
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b) |
degradação da rede rodoviária.
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c) |
aumento do crescimento vegetativo.
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d) |
centralização do poder político.
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e) |
realocação da atividade industrial.
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A questão trata de um fenômeno relativamente recente na questão urbana brasileira, que consiste no crescimento mais rápido das cidades médias em comparação ao das grandes cidades. Tal processo foi em parte motivado pela desconcentração da atividade industrial.
a) Incorreta. A carência ou presença de matérias-primas não interfere na diminuição do crescimento urbano das grandes cidades e menos ainda no aumento deste crescimento nas cidades médias, uma vez que, na atual fase do capitalismo (capitalismo informacional), o desenvolvimento dos sistemas de telecomunicações e de transportes permite que as indústrias se instalem distantes das áreas produtoras de matérias-primas. A necessidade de estar próxima dessas áreas foi algo típico das duas primeiras revoluções industriais, ao longo dos séculos XVIII e XIX.
b) Incorreta. A rede rodoviária é mais densa e apresenta melhor qualidade justamente nas áreas ocupadas pelas grandes metrópoles, fator que motivaria uma atração das pessoas para esses centros, o que, segundo o texto, não ocorre.
c) Incorreta. O crescimento vegetativo vem diminuindo no Brasil, uma vez que as taxas de fecundidade e natalidade estão cada vez menores.
d) Incorreta. A centralização do poder político, processo típico dos regimes monárquicos absolutistas ou de regimes autocráticos (ditaduras), não é um processo que ocorreu no Brasil em tempos recentes. A última ditadura militar no Brasil se estendeu de 1964 até 1985.
e) Correta. O processo de realocação da atividade industrial no Brasil teve início no final da década de 1990, quando a Constituição Nacional conferiu maior autonomia fiscal para estados e munícipios. Tal fato, aliado a uma busca por competitividade das indústrias, deu início a uma “guerra fiscal entre os lugares” (Santos, M.). Além desses fatores, é fundamental considerar que o alto nível de organização dos sindicatos, o alto custo dos imóveis e a saturação dos transportes e outros sistemas de infraestrutura afugentam as indústrias dos centros metropolitanos.
Um carro esportivo é financiado pelo Japão, projetado na Itália e montado em Indiana, México e França, usando os mais avançados componentes eletrônicos, que foram inventados em Nova Jérsei e fabricados na Coreia. A campanha publicitária é desenvolvida na Inglaterra, filmada no Canadá, a edição e as cópias, feitas em Nova York para serem veiculadas no mundo todo. Teias globais disfarçam-se com o uniforme nacional que lhes for mais conveniente.
REICH, R. O trabalho das nações: preparando-nos para o capitalismo no século XXI. São Paulo. Educator, 1994 (adaptado).
A viabilidade do processo de produção ilustrado pelo texto pressupõe o uso de
a) |
linhas de montagem e formação de estoques.
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b) |
empresas burocráticas e mão-de-obra barata.
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c) |
controle estatal e infraestrutura consolidada.
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d) |
organização em rede e tecnologia de informação.
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e) |
gestão centralizada e protecionismo econômico.
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a) Incorreta. O uso de linhas de montagem e grandes estoques é característico do sistema Fordista, típico da Segunda Revolução Industrial. O atual modelo produtivo é marcado por uma produção em “células de produção” – com trabalho em equipe e uma certa autonomia dos funcionários sobre a melhor maneira de executar as tarefas – e sistema “just in time” – com redução dos estoques, ou seja, cada peça chega apenas no momento exato de ser utilizada.
b) Incorreta. O atual sistema produtivo é marcado por uma forte automação industrial. Este sistema exclui boa parte da mão-de-obra barata, causando desemprego estrutural e uma necessidade de qualificação dos funcionários para se inserir no mercado de trabalho. Além disso, dentro do modelo Toyotista, há uma desburocratização das atividades produtivas.
c) Incorreta. O texto sequer cita o papel do Estado no processo produtivo. A produção globalizada é marcada por um modelo Neoliberal de economia, com retomada das leis de mercado e privatização das empresas estatais.
d) Correta. O texto faz referência ao atual modelo produtivo, marcado por um forte processo de desconcentração industrial e pela dispersão da produção. Isto se dá em busca de vantagens locacionais, tais como menores custos de produção, possibilidades de novos mercados consumidores ou disponibilidade de mão-de-obra qualificada. Toda essa produção desconcentrada e integrada só é possível graças à evolução nos sistemas de transportes e telecomunicações. Suas conexões se dão numa intrincada estrutura de rede (“teias globais”), com intenso uso das tecnologias de informação.
e) Incorreta. No modelo Neoliberal, vemos um apelo econômico pelo fim das políticas protecionistas (dentro da lógica de Estado mínimo). As fronteiras estão cada vez mais fluidas para a circulação de capital e mercadorias, configurando um modelo de produção integrado e fortemente globalizado.
Na sociedade contemporânea, onde as relações sociais tendem a reger-se por imagens midiáticas, a imagem de um indivíduo, principalmente na indústria do espetáculo, pode agregar valor econômico na medida de seu incremento técnico: amplitude do espelhamento e da atenção pública. Aparecer é então mais do que ser; o sujeito é famoso porque é falado. Nesse âmbito a lógica circulatória do mercado, ao mesmo tempo que acena democraticamente para as massas com supostos “ganhos distributivos” (a informação ilimitada, a quebra das supostas hierarquias culturais) afeta a velha cultura disseminada na esfera pública. A participação nas redes sociais, a obsessão dos selfies, tanto falar e ser falado quanto ser visto são índices do desejo de espelhamento.
SODRÉ, M. Disponível em: http//alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015 (adaptado).
A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea enfatiza
a) |
a prática identitária autorreferente.
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b) |
a dinâmica política democratizante.
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c) |
a produção instantânea de notícias.
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d) |
os processos difusores de informações.
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e) |
os mecanismos de convergência tecnológica.
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a) Correta. Segundo o texto, em nossa sociedade as mídias não são usadas para divulgar uma identidade que o indivíduo cria previamente na comunidade em que está imerso, a partir de sua formação, de suas experiências e do reconhecimento desta própria comunidade de seus feitos, qualidades e defeitos. Para o autor, na sociedade contemporânea o indivíduo cria uma imagem de si, difunde intensamente essa imagem pelas mídias e, conforme ganha reconhecimento, é dessa imagem que surge sua identidade. Assim, em nossos tempos, a prática identitária seria autorreferente – funda-se numa referência do indivíduo sobre si mesmo validada pelas mídias, não existindo previamente a partir de elementos externos ao indivíduo (como família, religião, comunidade) .
b) Incorreta. O texto não fala de uma dinâmica política democratizante, apenas das possibilidades de democratização trazidas pelas novas mídias, que segundo o autor seriam o acesso a “informações ilimitadas” e a “ruptura de hierarquias culturais” (não sendo preciso mais, por exemplo, ser contratado por uma gravadora para gravar e difundir suas composições, ou por uma editora para ter seus textos lidos).
c) Incorreta. O argumento central do texto não passa pela crítica à produção instantânea de notícias.
d) Incorreta. O texto não critica os processos difusores de informações, mostrando inclusive lados positivos destes (que chama de “ganhos distributivos”, ou seja maior acesso a informações e rupturas de hierarquias culturais).
e) Incorreta. O texto não trata de convergência tecnológica, mas dos efeitos da popularização de mídias e imagens midiáticas.
A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos calcular todas as coisas pelo cálculo.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH. H.; MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios da sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo evidencia o(a)
a) |
o progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.
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b) |
extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.
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c) |
emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.
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d) |
afastamento de crenças tradicionais como característica da modernidade.
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e) |
fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.
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a) Incorreta. O conceito de desencantamento do mundo de Weber não relaciona a industrialização a uma noção de progresso civilizatório.
b) Incorreta. Weber não trabalha com a ideia de extinção do pensamento mítico, mas com a ideia de sua expulsão das próprias religiões. Além disso, para ele o desencantamento do mundo se iniciaria no judaísmo dos profetas, sendo o ápice desta etapa do processo o puritanismo do século XVI. Assim, o desencantamento do mundo não pode ser considerado um desdobramento do capitalismo, pois teria se iniciado muito anteriormente.
c) Incorreta. A racionalização da vida estrutura o processo de desencantamento do mundo. Seria impreciso considerá-lo emancipação, pois para Weber a racionalidade que domina o mundo em desencanto também molda as ações humanas, da mesma maneira que o sagrado formatava as condutas morais e sociais antes da consolidação deste processo.
d) Correta. A perda de centralidade das crenças tradicionais em favor da racionalidade e da supremacia da lógica caracteriza o processo de desencantamento do mundo descrito por Weber, que se acentua fortemente a partir do século XVI, com a formação da ciência moderna.
e) Incorreta. Não há relação entre o desencantamento do mundo e o fim do monoteísmo. Pelo contrário, Weber o identifica como processo que se inicia dentro das próprias religiões monoteístas, quando o sagrado deixa de ser explicado através da magia, e a relação entre Deus e o mundo passar a ser sistematizada de forma racional.
Diante de ameaças surgidas com a engenharia genética de alimentos, vários grupos da sociedade civil conceberam o chamado “princípio da precaução”. O fundamento desse princípio é: quando uma tecnologia ou produto comporta alguma ameaça à saúde ou ao ambiente, ainda que não se possa avaliar a natureza precisa ou a magnitude do dano que venha a ser causado por eles, deve-se evitá-los ou deixá-los de quarentena para maiores estudos e avaliações antes de sua liberação.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Cia. Das Letras, 2001 (adaptado).
O texto expõe uma tendência representativa do pensamento social contemporâneo, na qual o desenvolvimento de mecanismos de acautelamento ou administração de riscos tem como objetivo
a) |
priorizar os interesses econômicos em relação aos seres humanos e à natureza.
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b) |
negar a perspectiva científica e suas conquistas por causa de riscos ecológicos.
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c) |
instituir o diálogo público sobre mudanças tecnológicas e suas consequências.
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d) |
combater a introdução de tecnologias para travar o curso das mudanças sociais.
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e) |
romper o equilíbrio entre benefícios e riscos do avanço tecnológico e científico.
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a) Incorreta. O conteúdo dessa alternativa contradiz o princípio da precaução apontado pelo texto, uma vez que priorizar interesses econômicos significaria subjugar a saúde das pessoas e o meio ambiente.
b) Incorreta. O princípio da precaução aparece justamente num contexto de desenvolvimento científico. Além disso, a alternativa trata apenas dos riscos ecológicos, enquanto o texto aborda também os riscos oferecidos às pessoas.
c) Correta. A ideia de “instituir o diálogo público” está implícito no texto ao afirmar que, quando há dúvida sobre os danos de um produto ou tecnologia, “deve-se evitá-los ou deixá-los em quarentena para maiores estudos e avaliações”.
d) Incorreta. As mudanças científicas de modo geral trazem um avanço, e não um travamento (como diz o texto da alternativa) do curso das mudanças sociais. Nesse sentido, não haveria razão de combater a introdução de novas tecnologias.
e) Incorreta. Os mecanismos de acautelamento não tem por objetivo romper o equilíbrio entre os benefícios e riscos do avanço tecnológico, mas sim manter os benefícios e conter ou minimizar os riscos.